A Hapag-Lloyd, quinta maior transportadora marítima de contêineres do mundo, vai aumentar em 5% sua capacidade de transporte nas rotas que envolvem o Brasil em 2016, na contramão da crise.
São três novidades. Uma nova rota entre o Brasil e a Costa Oeste da África, onde comprará espaço em um serviço de outro armador; a redistribuição em três rotas de um antigo serviço com o Oriente Médio, feita em 2015 mas cujos efeitos devem reverberar em 2016; e o aumento da capacidade no tráfego com os Estados Unidos. Somadas, as inovações irão adicionar 400 contêineres de 20 pés (o chamado Teu) por semana nos tráfegos da Hapag que escalam o Brasil.
De passagem pelo país, o presidente mundial da companhia de origem alemã, Rolf Habben Jansen, disse que acredita no crescimento do Brasil, a despeito das turbulências atuais. Em 2014 a Hapag se fundiu com a chilena CSAV, armador forte nas rotas da América do Sul, onde a presença da Hapag era pequena.
Desde então, a Hapag subiu alguns degraus e hoje divide com a Maersk Line – maior armador do mundo – o terceiro lugar no volume de contêineres cheios de importação e exportação transportados no Brasil. Dados da consultoria Datamar mostram que de janeiro a setembro ambas tiveram cada qual 14% de participação nos tráfegos brasileiros, cujo acumulado no período soma 3,3 milhões de Teus. A líder foi a Hamburg Süd (com 22%), seguida pela MSC (20%).
Jansen diz que ao se unir à CSAV a Hapag fez uma aposta de futuro na América do Sul. “Realmente o Brasil hoje não está tão bom quanto imaginávamos há cerca de dois anos. Mas isso não muda a nossa visão. O Brasil tem muito potencial. No negócio da indústria marítima o crescimento se dá a longo termo. Neste contexto estamos investindo e é a coisa certa a fazer.”
O executivo vem duas vezes por ano à região acompanhar os negócios e visitar clientes. Do Brasil, seguiria para Argentina e Chile. No Brasil a Hapag é muito forte na exportação de cargas refrigeradas, como frutas e carnes. Por isso, enfrenta um problema de “desbalanceamento” no transporte dos contêineres especiais que levam essas cargas – os navios vão cheios de cargas na exportação mas voltam quase vazios, o que é agravado pela queda das importações.
Questionado sobre o interesse em ativos do Brasil, especificamente na Log-In – empresa de cabotagem, que faz a navegação doméstica – e no Sepetiba Tecon, ambos à procura de um sócio, Jansen disse que a Hapag está “em geral olhando todas as oportunidades, mas no momento não esses ativos”.
A empresa fechou os primeiros nove meses do ano com faturamento de € 6,8 bilhões ante € 1,9 bilhão em 2014 (a fusão com a CSAV foi a maior responsável pela alta). O lucro líquido foi de € 106,4 milhões, ante prejuízo de € 224 milhões. Devido às sinergias da fusão, as despesas por Teu caíram US$ 240, para US$ 1,1 mil, mas o ambiente competitivo da navegação fez o valor médio do frete cair 12%, para US$ 1,2 mil por Teu. Globalmente, a empresa tem 175 navios, atrás da Maersk, MSC, CMA CGM e Evergreen, respectivamente.
No dia 6 a empresa completou a oferta inicial de ações (IPO), gerando receita bruta de US$ 300 milhões para investimento em navios e em contêineres. Cinco porta-contêineres com capacidade nominal para 10,5 mil Teus serão entregues entre 2016 e 2017 para cobrir os tráfegos da América do Sul com a Ásia.
Neste ano a empresa prevê redução no seu volume global de transporte entre 3% a 4%, devido à divisão entre vários provedores de clientes que eram tanto da Hapag quanto da CSAV. “Isso já estava previsto. Vamos recuperar em 2016”. A empresa deve fechar o ano com 7,7 milhões de Teus transportados globalmente e o Brasil representará de 8% a 9% disso. Também haverá queda no negócio da empresa no Brasil. A estimativa é que a empresa transporte 650 mil Teus ante 700 mil Teus em 2014.