O estaleiro Brasfels anunciou ao Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis que prepara a demissão de 2.000 trabalhadores devido a atrasos nos pagamentos pela construção de sondas da Sete Brasil.
Segundo fontes, a dívida já chega a US$ 2 bilhões. Segundo o presidente do sindicato, Manoel Sales, 500 pessoas serão dispensadas imediatamente e outras 1.500, nas próximas semanas. “O estaleiro já está há 12 meses sem receber da Sete e vem tocando as obras com recursos próprios”, disse o sindicalista.
O Brasfels era um dos poucos estaleiros do país a manter suas atividades em meio à crise da Petrobras. A empresa tem contrato para a construção de seis sondas de perfuração para Sete, das quais três obras já estão em andamento, diz Sales.
“Os contratos não foram cancelados, mas as obras serão paralisadas”, afirma ele. O estaleiro não se manifestou oficialmente, mas uma fonte confirmou as informações. O último pagamento feito pela Sete ocorreu em outubro do ano passado.
A Sete Brasil informou que “depende da aprovação do plano de reestruturação, por ora em construção, para regularizar o cronograma de pagamentos”. A empresa —que tem entre seus acionistas a Petrobras, bancos e fundos de pensão— foi criada para ser a maior fornecedora de sondas para o pré-sal, mas foi atingida pela Operação Lava Jato e pela crise financeira da estatal. Um dos sócios é o BTG Pactual, cujo presidente, André Esteves, foi preso na quarta-feira (25), acusado de tentar dificultar as investigações sobre o esquema de corrupção na estatal.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Angra, há hoje 6.500 empregados no estaleiro, que é controlado pela Keppel Fels, de Cingapura. Os empregados que não forem demitidos devem ser deslocados para contratos de reparo em plataformas, uma das atividades do estaleiro.
Fonte: Folha de São Paulo – Nicola Pamplona
Estaleiro Brasfels demite dois mil empregados
27/11/2015
RIO – A indefinição sobre o futuro da Sete Brasil, responsável pela construção de sondas de perfuração para a Petrobrás, provoca uma nova onda de demissões na indústria naval, com o desligamento de dois mil funcionários até dezembro no estaleiro Brasfels, em Angra dos Reis (RJ).
É o segundo estaleiro a reduzir a operação à espera de pagamentos da empresa, que há mais de um ano parou de repassar verbas para a construção de sondas já em andamento. A decisão do estaleiro agrava a desconfiança quanto à salvação da Sete Brasil, já afetada pela prisão do banqueiro André Esteves, presidente do BTG Pactual e principal articulador de um acordo entre os credores de US$ 3,6 bilhões em dívidas da companhia.
Das sondas sendo construídas pelo Brasfels, uma já estava praticamente pronta.
As demissões foram anunciadas pelo estaleiro ao Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis na quarta-feira. Cerca de 230 funcionários já foram demitidos e os demais serão desligados até a primeira quinzena de dezembro. As demissões reduzem em 30% a capacidade de trabalho do estaleiro, contratado pela Sete Brasil para construir seis sondas para a Petrobrás – duas em fase intermediária e uma com 90% de avanço físico, mas com obras suspensas.
Segundo o presidente do sindicato, Manoel Sales, a direção do estaleiro sinalizou que a folha de funcionários estava “insustentável” após um ano sem aportes da Sete Brasil. A empresa teria indicado ao estaleiro que não há previsão para regularizar os pagamentos. “As demissões vão ter efeito na cidade, no comércio. Angra 3 (usina nuclear) já mandou embora mais de 1,5 mil trabalhadores. É muita demissão ao mesmo tempo”, disse o sindicalista.
Cortes. No início do ano, o estaleiro Enseada, da Odebrecht, na Bahia, também fechou as operações e demitiu mais de seis mil trabalhadores por conta do calote da Sete Brasil. O estaleiro desistiu do contrato com a empresa, que depende de uma reestruturação em discussão na Petrobrás desde janeiro. A crise na estatal, a retração dos investimentos no setor de óleo e gás e os efeitos da operação Lava Jato sobre empreiteiras já provocou a demissão de 20 mil pessoas na indústria naval somente em 2015.
A Sete Brasil e seus ex-diretores também são citados no esquema de formação de cartel e desvio de recursos para pagamento de propinas, o que desencadeou a grave crise na empresa, que também já demitiu cerca de 25% de seu quadro de funcionários e só tem caixa para operar até o primeiro trimestre do próximo ano, mesmo sem realizar os pagamentos aos estaleiros. Em nota, a empresa informou que “depende da aprovação do plano de reestruturação para regularizar o cronograma de pagamentos”, e disse que não comentaria as demissões.
Apesar dos atrasos, os estaleiros tinham acertado manter as operações. à espera de um acordo com a Petrobrás. Investidores também tinham concordado em adiar dívidas vencidas em outubro, após uma articulação liderada pelo BTG Pactual, um dos principais sócios na Sete Brasil. Com a decisão do Brasfels e a prisão de André Esteves, há apreensão quanto à manutenção do acordo e mesmo quanto à salvação da empresa. A Petrobrás e seu fundo de pensão Petros já registraram perdas com o investimento na companhia, e outros sócios também sinalizaram que vão rever o valor do ativo.
Recuperação. O entrave para a empresa é a reestruturação de seu contrato com a Petrobrás. Inicialmente, o contrato previa a construção de 28 sondas, com diferentes empresas operadoras. Agora, está em negociação a construção de apenas 18 ou até menos, com apenas três grupos operadores, entre eles a própria Sete Brasil. A medida visaria a recuperar a receita perdida pela empresa com a redução do número de sondas.
O acordo também prevê que dois novos sócios façam aportes de R$ 2 bilhões no projeto, e que um deles assuma a construção e a propriedade de quatro sondas. Apesar de o esboço do acordo ter passado por um pente fino pela área jurídica da Petrobrás, ainda há fortes resistências dentro da empresa.
Fonte: O Estado de São Paulo – Antonio Pitta e Fernanda Nunes
Estaleiro Brasfels demitirá 2 mil até o fim do ano diz sindicato
26/11/2015
RIO – Sem receber os pagamentos prometidos pela Sete Brasil há cerca de um ano, o Estaleiro Brasfels demitirá 2 mil metalúrgicos até dezembro, segundo o sindicato de metalúrgicos. Eles trabalham na construção de quatro das seis sondas de perfuração encomendadas ao estaleiro, localizado em Angra dos Reis (RJ).
As demissões tiveram início nesta quarta-feira e, a princípio, serão demitidos 500 operários. Eles construíam sondas encomendadas pela Petrobras, duas das quais estão prontas e uma terceira, com 90% dos trabalhos concluídos, teve a construção suspensa.
As dificuldades financeiras da Sete Brasil começaram depois que o nome do estaleiro foi envolvido nas denúncias da Operação Lava-Jato do Ministério Público do Paraná, em parceria com a Polícia Federal.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis foi informado na tarde de ontem das demissões. Ao sindicato, a Brasfels disse que vem arcando com os custos da folha de pagamento dos dois mil empregados há cerca de um ano e que a situação estava ficando insustentável.
Os metalúrgicos organizam uma manifestação na próxima semana para protestar contra as demissões e chamar a atenção para o problema. Segundo o sindicato, desde o início do ano, cerca de três mil metalúrgicos foram demitidos e, com a nova leva, deverá chegar a cinco mil dispensados.
O sindicato que representa as empresas do setor informa que, de dezembro do ano passado até junho deste ano, o setor da construção naval demitiu 14 mil trabalhadores, o maior número dos últimos 15 anos. Desse total, 12.810 perderam seus empregos nos primeiros seis meses de 2015. A região Sudeste ficou sem 11 mil empregos. As regiões Norte e Nordeste registram demissão de mil, cada uma. A exceção é a região Sul, onde os empregos apresentam estabilidade. Hoje, o setor emprega 68 mil pessoas.
A Sete Brasil informou, em nota, que depende da aprovação de um plano de reestruturação para regularizar o cronograma de pagamentos. “Em relação às demissões, a companhia não comenta ações implementadas por estaleiros.”
A Sete Brasil, que tem entre seus acionistas a Petrobras, foi criada em 2010 para construir sondas no país e alugá-las para à estatal. A petroleira não quis se pronunciar sobre o assunto.