A Sete Brasil contestou nesta quarta-feira a justificativa apresentada pela Petros, fundo de pensão dos funcionários da Petrobras, de seu voto contrário à entrada com pedido de recuperação judicial da companhia, durante a reunião dos sócios na última terça-feira.
A Petros explicou não ter recebido as informações solicitadas para sua avaliação. A Sete, por sua vez, garantiu que prestou todas as informações aos sócios.
Em nota, a empresa afirma “que todos os pedidos de informações encaminhados à companhia por cotistas do FIP Sondas — referentes à tomada de decisão de ontem, acerca da alternativa de estratégia de continuidade do Projeto Sondas — foram atendidos pela empresa, que segue disponível a novas demandas”.
No dia anterior, a Petrobras explicava que votou contra “porque não recebeu informações que solicitou à companhia quanto a questões que julga relevantes para a sua tomada de decisão”.
O voto contrário da Petros aumentou as tensões entre os principais acionistas da Sete Brasil, criada em 2010 para viabilizar a construção de sondas para o pré-sal no país. Alguns dos sócios defendiam a entrada com pedido de recuperação judicial da Sete como forma de pressionar a Petrobras a fechar um novo acordo de afretamento de sondas, para evitar o fim da companhia. Mas alguns executivos acreditam que a Petros votou contra para “ajudar” a Petrobras na imposição de várias exigências para fechamento do acordo.
Na última terça-feira, em reunião dos cotistas do FIP Sondas, fundo de investimento que tem 95% do capital da Sete (a Petrobras tem os outros 5%), além da Petros, o banco Santander também votou contrário ao pedido imediato de recuperação judicial.
Segundo uma fonte próxima às negociações, o voto que pesou na decisão foi da Petros, que tem 18% de participação no FIP Sondas. Ao todo são 12 cotistas no FIP Sondas, e para essa decisão teria que se alcançar 85% da maioria dos votos. O Santander tem apenas 6% de participação e seu voto, segundo o executivo, não pesaria na decisão.
Na noite de terça-feira a Petros ao justificar seu voto contrário, explicou que entre as informações estão a identificação dos fatores chave de reestruturação; a projeção da necessidade de caixa mês a mês; a precificação da Companhia e seus ativos baseada em métricas de fluxo de caixa descontado, entre outros métodos costumeiros de precificação; e a preparação de plano de reestruturação completo com diagnóstico da situação vigente.
Segundo o executivo, o futuro da Sete continua incerto “e à deriva”. O problema, segundo esse executivo, é que a Petrobras vem dificultando cada vez mais se chegar um acordo entre as duas partes em relação ao afretamento e contratação das sondas. Nos contratos originais assinados entre 2011 e 2012 estavam previsto o afretamento pela Petrobras e a a construção no país de 28 sondas. Mas agora, com dificuldades financeiras, atingida pelo escândalo de corrupção revelado pela Lava-Jato, a Petrobras vem reduzindo investimentos e projetos. Desde o ano passado, a empresa vem renegociando com a Sete a redução do afretamento de sondas das 28 originais para apenas 14, das quais seis estão em fase de construção bem adiantada. Com essa situação, a sete parou de pagar aos estaleiros desde 2014 e está com dívidas totais da ordem de R$ 17 bilhões.
Segundo o executivo, durante a reunião desta terça-feira não chegou a ser discutido a questão de negociar com os bancos credores (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, itaú BBA, Bradesco e Santander) o adiamento das dívidas que chegam a US$ 3,6 bilhões.
“Os bancos não querem executar (as dívidas), querem uma solução. Essa discussão de negociar o adiamento da cobrança é irrelevante. O problema é que a Petrobras não demonstra interesse em resolver a questão “, disse a fonte.
Ao mesmo tempo existe a hipótese também de o conselho de administração da Sete se dissolver, uma vez que só há 11 dos 14 membros iniciais, e recentemente vários conselheiros manifestaram o interessem em renunciar ao cargo. Se isso ocorrer as funções dos conselheiros passariam para a própria diretoria da Sete.