RIO DE JANEIRO – A Petrobras intensificará no primeiro semestre deste ano as paradas programadas para manutenção de suas unidades de produção de petróleo e gás.
A decisão visa “aproveitar” a conjuntura de baixos preços internacionais e demanda interna fraca por combustíveis, disseram duas fontes da companhia à Reuters. A estratégia já foi adotada em janeiro, tendo forte impacto negativo na produção, e deverá se consolidar nos próximos meses, afirmaram as fontes, que pediram para ficar no anonimato.
A produção de petróleo e gás natural da Petrobras no Brasil em janeiro caiu 7,1 por cento ante o mês anterior, para 2,47 milhões de barris de óleo equivalente dia (boed), devido principalmente a paradas programadas para manutenção em algumas plataformas com elevada produção, informou a empresa na segunda-feira.
“As paradas aconteceram em unidades que produzem muito. Isso aconteceu em Campos e Santos, e a idéia é continuar nessas bacias”, disse uma das fontes. Apesar das paradas mais intensas no primeiro semestre, a Petrobras avalia que poderá compensar eventuais reduções e não vê impacto na meta de extração para o ano, segundo as fontes.
“A estratégia está colada à conjuntura… é hora de fazer as paradas que foram adiadas por algum motivo”, ressaltou a fonte, sem revelar quantas paradas programadas estão previstas para este ano.
Em janeiro, foram realizadas paradas programadas para manutenção em equipamentos instalados nos principais campos produtores do pré-sal do Brasil, como a plataforma P-58, no Parque das Baleias (com produção de 120 mil bpd), e a FPSO Cidade de Mangaratiba (130 mil bpd), no campo de Lula.
Pela lei, as unidades de produção precisam parar para manutenção regularmente. As paradas são monitoradas e acompanhadas pela a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A derrocada do preço do petróleo Brent e a demanda menor de derivados no Brasil “sem dúvida” favorecem essa estratégia de realizar as paradas programadas, afirmou uma segunda fonte. “Combinar com a analise econômica faz todo o sentido e está dentro de uma lógica financeira.”
Procurada, a Petrobras afirmou que não comentará o assunto.
A meta de produção da estatal para este ano é de 2,145 milhões de barris de petróleo ao dia no Brasil, ante 2,128 milhão bpd em 2015.
A estatal informou ainda na segunda-feira que a média diária produzida no pré-sal brasileiro, grande aposta da companhia para os próximos anos devido à grande produtividade dos poços, foi de 1,029 milhão de boed, e a produção de petróleo operada pela companhia nesta área foi de 822 mil bpd.
A empresa trabalha com a perspectiva de atingir uma produção de 1 milhão de boed em campos operados por ela no pré-sal entre 2016 e 2017, segundo a fonte. “É um grande desafio, mas o ritmo de expansão do pré-sal e o retorno dos poços é muito forte.”