O ano passado foi difícil para a indústria naval de Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio de Janeiro. Foi o setor que mais demitiu e na terça-feira (24), mais 70 pessoas foram demitidas.
No Estados, proporcionalmente, nenhuma cidade perdeu tantos empregos em 2016. O maior estaleiro fechou 2,7 mil postos. Em 2011, a empresa chegou a ter 9 mil funcionários. Hoje, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, são 2500. O trabalho se restringe a conclusão de projetos antigos. As maiores obras estão paradas por falta de dinheiro.
“O que resta hoje é uma obra que tem prazo para terminar. Nossa preocupação é essa, o que vai ser desses trabalhadores que estão aí”, disse o diretor do sindicato, Manoel Vieira Salles.
A dificuldade de emprego em outras regiões do país provoca transtornos. Segundo o sindicato, esse é o único estaleiro que está funcionando. Então sempre tem trabalhadores em busca de uma oportunidade.
“Todos os dias tem gente de tudo quanto é lugar. Para você ter uma ideia, outro dia teve uma notícia de que a empresa estava fichando 800 trabalhadores. Veio gente de tudo quanto foi lugar, do Sul, de Pernambuco, da Bahia. Era só boato”, afirmou Manoel.
O desemprego gera um impacto direto na economia da região. Vários comércios próximos ao estaleiro fecharam as portas. Placas de venda e aluguel são cada vez mais comuns nos imóveis.
O Vivaldo, de 55 anos, foi um dos demitidos. Ele trabalhou na empresa durante 15 anos. Na fila para entregar os documentos, não conseguiu conter as lágrimas. Quase um anos depois, ele ainda está desempregado. “Só dizem que não tem vaga. Está muito difícil conseguir um emprego hoje em dia”.