Os benefícios financeiros das mudanças que estão sendo implementadas no mercado de óleo e gás no Brasil ainda devem demorar para se concretizar. A visão está refletida em uma pesquisa da DNV GL entre executivos do setor, que indicou que apenas um quarto (26%) dos profissionais seniores da indústria no Brasil esperam alcançar suas metas de receita e lucro neste ano.
O percentual está abaixo das expectativas globais. Ao todo, dos 723 executivos entrevistados ao redor do mundo ,38% acreditam que alcançarão as metas de lucro para 2017.
“Primeiro é necessário ‘arrumar a casa’ e hoje há evidências de que a casa está sendo arrumada, mas ainda vai demorar um tempo para que a gente possa se beneficiar de maneira concreta destas mudanças”, afirmou Alex Imperial, diretor de óleo e gás da DNV para a América Latina.
Apesar disto, a confiança nas perspectivas para a indústria de óleo e gás no Brasil teve uma melhoria significativa. A consultoria apontou que, entre os entrevistados, 50% demonstrou confiança no país, em comparação com os 16% de 2016.
“Os fundamentos da indústria no Brasil são muito sólidos. Temos reservas, há as conquistas da Petrobras, a capacidade de tecnologia e inovação instaladas… A pesquisa mostra que as principais barreiras são a questão da economia local e a necessidade de um suporte maior do governo em termos de políticas adequadas para que esses fundamentos possam valer a pena, com o aumento da segurança para atrair investimento estrangeiro”, afirmou o diretor.
De acordo com o Imperial, a melhoria no sentimento em relação ao país pode ser atribuída às reformas que já foram concretizadas, como o fim da operação única no pré-sal, e também à intenção do governo de continuar fazendo mudanças que tornem o ambiente de negócios mais competitivo e previsível. Imperial acredita que, hoje, a maneira como tais assuntos estão sendo encaminhados demonstra que é apenas uma questão de tempo para que as reformas sejam concretizadas.
“O governo já entendeu que as regras tem que ser mais atraentes. O Brasil compete com outras áreas de fronteira e, neste momento em que os investimentos globais estão reduzidos, o senso de urgência se torna muito grande”, explicou o diretor.
Em geral, a confiança na região da América Latina também melhorou, já que em 2016 apenas 17% dos entrevistados demonstrou confiança sobre o setor na região, percentual que saltou para 46% em 2017 — segundo percentual mais alto em comparação com as outras regiões do mundo, abaixo apenas da América do Norte, com 49%.
Ao todo, 92% dos executivos entrevistados globalmente acreditam que o barril estará em US$ 50 ou mais ao final de 2017, sendo que 59% acreditam que o preço pode chegar a US$ 60 no período. A visão está alinhada com projeções de outras instituições, como o Banco Mundial, que aumentou a projeção do preço de US$ 53 para US$ 55, assim como a U.S. Energy Information Administration, que aumentou a previsão de US$ 51 para US$ 52.