Ontem, o editor deste blog, Graan Barros e diversos jornalistas de mídias especializadas no assunto defesa, inclusive com a presença de repórteres da agência francesa AFP, tiveram a oportunidade de visitar o gigantesco Complexo Naval de Itaguaí a convite do Contra-Almirante, Flávio Augusto Viana ROCHA da Marinha do Brasil. O local abrigará uma base de submarinos e um estaleiro, além de outros setores que serão essenciais a manutenção e apoio dos submarinos convencionais e o futuro submarino nuclear que colocará o Brasil no seleto grupo de países capazes de desenvolver e construir esse tipo de navio.
Antes da visita as instalações, tivemos a oportunidade de ouvir uma palestra com Coordenador Chefe do Programa, o Almirante de Esquadra Gilberto Max Roffé Hirschfeld, que fez um apanhado geral do ProSub e respondeu a inúmeras dúvidas dos presentes. Muitos desses esclarecimentos estão nesta matéria.
O Prosub é sem sombra de dúvida o maior e mais complexo projeto na área de defesa da história do Brasil e foi iniciado em 2007, quando o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que havia visitado o protótipo do reator nuclear em São Paulo, deu a autorização para inicia-lo. Os únicos países naquele momento dispostos a fazer parceria com o Brasil foram a França e a Rússia. O escolhido como sabemos, foi a a DCNS francesa que aceitou transferir tecnologia ao Brasil para construir os submarinos convencionais e o casco do nuclear. A Odebrecht foi a construtora escolhida pela DCNS para construir o Complexo Naval.
Devido ao orçamento disponível, o ritmo das obras acompanham as necessidades dos submarinos que estão sendo construídos, ou seja, sabiamente a direção do ProSub decidiu que os centros de radiologia e nuclear que atenderão as demandas do submarino nuclear só serão terminadas quando o SN-10 “Álvaro Alberto” bater quilha. Isso deve acontecer provavelmente na próxima década, por volta de 2021/2022, quando o reator nuclear deverá estar pronto. Hoje, a Marinha testa um protótipo e não há de forma alguma como iniciar a construção sem que essa etapa esteja concluída. Mesmo assim, 63% das obras do Complexo Naval já estão concluídas.
Um dado curioso, é que pela primeira vez no mundo está sendo construído uma base naval e um estaleiro exclusivamente para um modelo de submarino, o Scorpene BR. O “BR” é explicada pela adição de mais uma seção ao casco do submarino, se comparada com o Scorpene usado pela Marinha da França. A customização foi feita a pedido da Marinha do Brasil com a finalidade de aumentar a permanência no mar do submarino e dos seus 35 tripulantes. Quando falamos no parágrafo dois que o ritmo das obras está em paralelo com as demandas, vimos ontem, que o Centro de Treinamento já está quase pronto para receber a primeira tripulação do Riachuelo. Lá estarão os simuladores do submarino, inclusive um específico para de treinamento de escape.
No estaleiro pudemos acompanhar em que estágio de construção estão os quatro submarinos. O primeiro, Riachuelo, que como de costume dará nome a classe de navios, teve as seções do casco construídas integralmente na França, mas com acompanhamento de técnicos brasileiros. O segundo, Humaitá, já teve suas seções de casco construídos na Nuclep, empresa nacional que fica próxima ao complexo naval. Essa empresa foi a responsável pela construção da Usina Nuclear de Angra.
O cronograma prevê que o cabeça de classe, Riachuelo, expressão usada para o primeiro meio naval construído e que dará nome ao restante da classe, será lançado ao mar em junho do próximo ano. Isso não significa que ele será imediatamente transferido ao setor operativo da Marinha do Brasil. Antes, passará por diversos testes de mar que tem por objetivo aferir e certificar os seus sensores, sistemas de combate, etc. O Riachuelo deverá, por exemplo, realizar teste de profundidade máxima e lançar um torpedo. A previsão para que o Riachuelo seja comissionado é ano de 2018.
Para o lançamento ao mar do S-40 Riachuelo e dos demais submarinos da Classe: o S-41 Humaitá, S-42 Tonelero e S-43 Augostura foi construído no setor sul um moderno elevador de navios conhecido mais pelo seu nome em inglês: Ship Lift. Ele é possuí 110 metros de comprimento por 20 de largura. A empresa que forneceu o elevador é a norueguesa TTS Handling System AS.