Lançado na década passada, o Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural (Prominp) consumiu R$ 292 milhões em gastos no período de 2007 a 2013 com a formação de quase cem mil trabalhadores qualificados. Segundo Márcio Félix, secretário de Petróleo e Gás do Ministério de Minas e Energia, o Prominp parou desde 2014 após os desdobramentos da Operação Lava-Jato e o agravamento da crise financeira da Petrobras.
— Desde fins de 2014 o Prominp entrou em estado de hibernação devido à situação. Estamos trabalhando para que o Programa de Estímulo à Competitividade da Cadeia Produtiva (Pedefor) absorva o Prominp. Talvez o programa não volte a funcionar com esse nome, mas tem muita coisa boa que foi feita — disse Félix.
A mudança de cenário no setor de petróleo pegou de surpresa empresas, profissionais e estudantes. O jovem Gabriel Fonseca Peixoto, de 25 anos, se formou em engenharia de petróleo em 2014. Ele foi atraído pela perspectiva de crescimento da atividade de óleo e gás no país, mas concluiu o curso justamente no ano em que o segmento mergulhou na crise. Sem vagas na área, Gabriel fez um curso de inglês no exterior e, na volta, um de salvatagem (resgate), fundamental para um futuro emprego em plataforma:
— Desde adolescente sonhava entrar para o setor de petróleo. Todos diziam que era a carreira do futuro. Está muito difícil conseguir trabalho nessa área, mas não desisto. Tenho esperança de que os investimentos serão retomados com os leilões programados para este ano. COMPRAS DA MARINHA No setor naval, há 12 estaleiros paralisados. A situação é mais complicada para empreendimentos de grande porte voltados para a construção de plataformas ou sondas que seriam contratadas pela Petrobras, o que acabou não vingando.
— Foram feitos muitos investimentos com recursos públicos do Fundo de Marinha Mercante — disse Sérgio Bacci, vice-presidente do Sinaval.
Uma das saídas pode vir da Marinha, que pretende renovar parte da frota. Negociações estão em curso com estaleiros de médio porte. Segundo Bacci, serão dez novas corvetas e de 30 a 40 navios de patrulha, que poderão render encomendas de US$ 2,5 bilhões para os próximos anos até 2022.