As empresas de engenharia estão satisfeitas com o que foi posto pela Agência Nacional de Petróleo (ANP) em relação ao pedido de waiver do projeto piloto de Libra. Como se sabe, a ANP manteve o conteúdo local da engenharia básica e de detalhamento do empreendimento. Na visão do presidente da Associação Brasileira de Engenharia Industrial (Abemi), Nelson Romano, a expectativa agora é de que decisões similares sejam adotadas em outras áreas produtoras de óleo e gás, como a cessão onerosa. “O que precisa acontecer é que esses critérios sejam estendidos não só a Libra, mas também para a cessão onerosa e para as próximas licitações. Isso é o mais importante. Que seja preservada a engenharia básica e de detalhamento, que é onde, no final das contas, começa o conteúdo local”, afirmou. O executivo também revelou que a associação está elaborando seu novo planejamento estratégico, que prevê a incorporação de mais empresas estrangeiras.
Como a Abemi avalia a decisão da ANP em relação ao waiver de Libra, do ponto de vista das empresas de engenharia?
Na nossa visão, foi uma decisão técnica. Não foi uma decisão política. Isso é muito bom. As cláusulas contratuais em vigor foram respeitadas. Do ponto de vista de engenharia, atendeu nossa expectativa. Evidentemente é uma decisão que não atende todas as entidades de classe. Cada uma delas tem suas dificuldades a resolver.
Para a engenharia, foi uma medida técnica, atendendo os requisitos legais. Esperamos que esse tipo de decisão seja aplicada também na cessão onerosa e demais campos onde for aplicável.
Como as empresas de engenharia receberam essa decisão?
Tivemos contatos com as companhias, que entendem que a lei foi cumprida. E a nossa expectativa em relação à ANP foi atendida. Então, do ponto de vista de engenharia, o questionamento está atendido. Em relação aos demais itens, foi mantido um conteúdo local, mas não sabemos ainda o critério que foi usado. Só que entendemos que foi razoável, com exceção das questões que atendem os estaleiros. Eles estão tomando as medidas que entendem que devem ser tomadas.
Qual a sua expectativa com as próximas etapas do projeto de Libra?
Estamos na expectativa de ver qual será a reação dos consórcios e da Petrobrás. Queremos ver qual será a posição deles diante da decisão da ANP. Eu acho que todos eles são legalistas. Eles vão com certeza achar uma solução que atenda os dois lados. Temos a expectativa de que não adotarão uma posição que cause conflito.
E quais são os demais pleitos do setor de engenharia no Brasil?
O que precisa acontecer é que esses critérios sejam estendidos não só a Libra, mas também para a cessão onerosa e para as próximas licitações. Isso é o mais importante. Que seja preservada a engenharia básica e de detalhamento, que é onde, no final das contas, começa o conteúdo local – com as especificações da engenharia, abrem-se as portas para os fornecedores de bens e equipamentos. É inquestionável a capacidade das empresas de engenharia do Brasil. Elas estão plenamente capacitadas. Além disso, hoje em dia, somos competitivos.
Quais serão os próximos passos da Abemi?
Nós estamos realizando reuniões para definir nosso planejamento estratégico, onde pretendemos incorporar mais empresas estrangeiras, para que possamos ter mais opiniões dentro da associação. São empresas de capital estrangeiro que estão no Brasil. Muitas companhias hoje querem se estabelecer no Brasil e nos procuram para isso para entender como funciona o mercado nacional. Esse apoio para elas que pretendemos dar. É importante deixar claro que não temos nenhuma posição contrária às empresas estrangeiras. Tratamos todas de mesma maneira.
E que outros pilares terá o planejamento estratégico da Abemi?
São vários pilares, como continuar aprimorando o desenvolvimento tecnológico através de condições de áreas técnicas, onde pretendemos continua trabalhar nisso.