Criado pelo banco Pátria e pela Promon Engenharia, o fundo voltado à infraestrutura P2 Brasil está dando início hoje aos investimentos na construção de um estaleiro no Sul do país. Serão R$ 670 milhões a serem realizados por meio da subsidiária Oceana, como foi batizada a nova companhia – que também tem como acionista o BNDESPar.
O objetivo do estaleiro, cuja pedra fundamental será lançada hoje em Itajaí (litoral de Santa Catarina), é fabricar embarcações de apoio logístico à indústria de exploração e produção de petróleo. Cada embarcação custa entre US$ 50 milhões e US$ 100 milhões O principal cliente, planejam os executivos, será Petrobras.
Apesar do início dos trabalhos no estaleiro, ainda não há nenhum contrato firmado com a estatal. Mas os diretores se mostram seguros sobre o fato de a Petrobras virar um cliente, devido ao plano de investimentos da petroleira para os próximos anos. “Para se materializar, o incremento de produção exige uma logística”, disse Ivo Godói, diretor-executivo responsável por novos negócios do grupo Promon e representante da empresa no comitê de gestão e investimentos do P2 Brasil.
Há expectativa de que a Petrobras volte a contratar embarcações ainda neste ano. Outro dado anima os investidores: de 2013 a 2020, a expectativa é que o número de unidades de apoio marítimo no país passe de 430 pra 690, em números aproximados.
A demanda logística foi identificada depois de o fundo decidir entrar em logística voltada ao petróleo. Só a partir de iniciados os estudos voltados ao novo negócio é que foi diagnosticada a oportunidade por um negócio a parte, a de construção das embarcações. “Descobrimos que a falta de estaleiro de médio porte é um gargalo”, resume Godói. Hoje, dizem os executivos do P2, o país tem apenas 10 estaleiros do tipo e fabrica apenas 40% das unidades no país.
O plano dos executivos é iniciar a fabricação a partir de 2015, sendo que no primeiro ano o número de unidades produzidas será de no máximo quatro, podendo chegar a seis nos anos seguintes.
Dos R$ 670 milhões a serem investidos, R$ 220 milhões serão usados para erguer o estaleiro e R$ 450 milhões na fabricação das embarcações. O Fundo de Marinha Mercante (FMM) incluiu o projeto dentre as prioridades para financiamento. Na época, foi determinado que a construção poderia receber créditos de até US$ 138,4 milhões.
As quatro embarcações do primeiro ano de operação também foram incluídas, devendo receber até US$ 246,4 milhões em financiamentos. A empresa também já tem autorização da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) para operar por prazo indeterminado.
O BNDESPar, braço de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou em novembro a injeção de R$ 122 milhões na empresa e ficou com 25% da Oceana. Perguntado sobre a possibilidade da entrada de novos sócios, Godói diz que não há necessidade de capital neste momento, mas que isso pode ser cogitado dependendo da expansão da empresa. “Como um fundo, sempre mantemos uma flexibilidade sobre sair [dos investimentos], seja por meio de sócio estratégico ou pelo mercado de capitais. Mas essa é uma visão de longo prazo”, resume.