Especialistas atribuem os problemas à ineficiência dos estaleiros
RIO – No momento em que a produção da Petrobras registrou queda de 2,1% em fevereiro, a estatal enfrenta atrasos na construção em seis de dez projetos de produção previstos para este ano e o próximo — elevando, assim, segundo analistas, os riscos de não cumprimento de suas metas. De acordo com o Plano de Negócios 2013/2017, a situação mais crítica ocorre nos sistemas planejados para 2013: dos sete, cinco estão fora do cronograma. Para 2014, um dos três previstos está atrasado. Especialistas atribuem os problemas à ineficiência dos estaleiros.
Especialistas acreditam que a Petrobras, caso as unidades não entrem em operação no período planejado, põe em xeque a promessa de aumentar a produção a partir do segundo semestre. A meta para 2013 oscila entre uma queda de 2% e uma alta de 2% na extração de óleo — de cerca de 2 milhões de barris por dia. Para 2017, a meta é de 2,75 milhões de barris de petróleo diários.
Um dos maiores atrasos está na construção da plataforma P-61, no projeto de Papa-Terra, no pós-sal da Bacia de Campos. O projeto está sendo feito pelo estaleiro BrasFELS, em Angra dos Reis. A unidade, com previsão de produção em 31 de dezembro deste ano, tem 76,2% das obras realizadas, contra 94,9% do previsto.
— Se esses projetos atrasarem, o aumento de produção vai atrasar. Qual é o grau de confiabilidade? Será que o gerenciamento desses projetos está adequado? A falta de caixa da Petrobras é massacrante. Isso tudo traz um certo grau de incerteza — diz o consultor Wagner Freire, ex-diretor da Petrobras.
Mas Maria das Graças Foster, presidente da Petrobras, se mostra confiante e garante que os sete sistemas de produção previstos para 2013 vão entrar em funcionamento dentro dos prazos.
— Pela primeira vez, a Petrobras está colocando em produção sete unidades em um ano. Isso faz a diferença com relação à taxa de crescimento da produção. Ou seja, estamos confirmando nossa curva de produção, sim — afirmou durante apresentação do Plano de Negócios nesta terça-feira na Firjan.
Segundo o Plano, o navio-plataforma Cidade de São Paulo, do projeto piloto de Sapinhoá, tem 54% das obras realizadas, contra 59,9% do previsto. Já está em operação, mas com apenas um dos treze poços interligados. O mesmo ocorre com o Cidade de Itajaí, no projeto de Baúna: 53,5% das obras foram realizadas, contra 69,8% do previsto. Lá estão previstos 11 poços.
Já o projeto piloto de Lula Nordeste, com o Cidade de Paraty, que prevê a extração do primeiro óleo para mês que vem, está com 97,8% das obras realizadas, perto, mas abaixo, da previsão de 99%. A unidade de produção, em construção no BrasFELS, prevê a interligação de 14 poços.
— A plataforma Cidade de Paraty saiu do estaleiro BrasFELS em Angra no último domingo — disse Graça Foster.
Dois projetos na Bacia de Campos estão adiantados
Além do Lula Nordeste, o Projeto Papa-Terra, com o navio-plataforma P-63, deve entrar em operação em julho na Bacia de Campos, mas está com 94,1% das obras realizadas, contra 98,5% do previsto. Em construção no Estaleiro Honório Bicalho, em Rio Grande (RS), terá 30 poços.
— Esses projetos em atraso contam com capacidade de processamento de 600 mil barris por dia. São vitais — disse uma fonte do setor, destacando que os estaleiros são “muito ineficientes”, na questão não só da mão de obra, mas também em processos tecnológicos.
Por outro lado, há dois projetos para a Bacia de Campos adiantados e que devem entrar em operação até novembro deste ano. Já dos três projetos para 2014, apenas um está atrasado. É o sistema Lula-Iracema Sul — com produção prevista para novembro pelo Cidade de Mangaratiba e capacidade de 150 mil barris por dia para o pré-sal da Bacia de Santos. Lá, 47,7% das obras foram realizadas pelo estaleiro Cosco, na China, ante previsão de 58,3%.
Além das plataformas em construção, a Petrobras ainda precisa contratar 13 unidades até 2017 para produzir 4,2 milhões de barris por dia em 2020. Em nota, a Petrobras ressaltou que “verifica continuamente se há desvios na realização, em relação ao que foi previsto, e implementa as ações corretivas necessárias”. O diretor de Exploração e Produção da Petrobras, José Formigli, garantiu que eventuais atrasos não afetarão as metas de produção.
— As metas continuam todas valendo. O que tem é uma dinâmica que vamos acertando a programação.