Pré-sal gera contratos de US$ 600 milhões para GE

  • 03/04/2013

Uma unidade de negócios ainda nova da GE, a Power Conversion, que reúne soluções de energia e automação, cresce a passos largos, puxada principalmente por Brasil e América Latina. Hoje, a multinacional americana anuncia contratos que ultrapassam US$ 600 milhões para fornecer pacotes de eletrificação a 22 dos 29 navios sonda encomendados pela Sete Brasil para atender à exploração no pré-sal.

“Nós estamos eletrificando o pré-sal”, disse o presidente da GE Power Conversion para América Latina, Wendell Oliveira. Os navios serão construídos até 2020 pelos estaleiros Atlântico Sul (EAS), em Ipojuca (PE); Rio Grande (RS), da Ecovix – Engevix; Enseada do Paraguaçu (EEP), em Maragojipe (BA); e Brasfels, em Angra dos Reis (RJ), da Keppel Offshore & Marine.

A única concorrente que também atende as encomendas da Sete Brasil é a suíça ABB, que vai faturar US$ 160 milhões para equipar os outros sete navios, construídos pelo estaleiro Jurong Aracruz (ES). A ABB tem parceria de longa data com a companhia de Cingapura controladora do estaleiro.

Oliveira atribuiu a vantagem da companhia, especialmente, ao fato de ter investido no momento certo e largado na frente em termos de produção e engenharia local. Em 2011, a GE adquiriu globalmente a francesa Converteam, especializada em conversão de energia, por US$ 3,2 bilhões. Unida ao portfólio de motores e geradores elétricos da GE, a divisão foi rebatizada de Power Conversion. No Brasil, a unidade nasceu com a fábrica que era da Converteam, em Betim (MG), de painéis de controle, acionamentos, inversores, entre outros equipamentos, e somou-se à Gevisa, de motores elétricos da GE, em Campinas (SP). “Conseguimos reunir um portfólio muito mais completo que nossos concorrentes.”

Em sua avaliação, a empresa não terá muita dificuldade nos próximos anos para se manter na liderança nas áreas ligadas a petróleo. Os sistemas de energia e automação dos navios sonda contratados, por exemplo, superarão as exigências de nacionalização, que começam em 40% e passam de 60% nas últimas unidades.

Questionado se há alguma preocupação quanto a possíveis mudanças na estratégia de nacionalização do governo, Oliveira disse que não. “Tenho confiança para dizer que nós temos competitividade mundial, estamos confortáveis pra vender daqui para Cingapura, se for o caso.”

Além disso, a Power Conversion prevê crescer em outros setores. A empresa atende o setor industrial, mineradoras e geradoras de energia renovável. Nessas áreas, a concorrência é maior, com atuação de companhias como ABB, Siemens e Schneider Electric. A estratégia vai ser mostrar a capacidade de execução com os contratos do pré-sal para conquistar mais clientes das outras áreas, disse Oliveira.
Para conseguir suprir a demanda e ganhar mercado, a GE Power Conversion está investindo em sua capacidade produtiva. Desde que adquiriu a unidade mineira da Converteam, a capacidade da fábrica foi multiplicada por cinco e o número de funcionários passou de 200 para 350. E, segundo Oliveira, ainda assim, Betim já está próxima de seu limite de produção.

Até o meio deste ano, a GE pretende anunciar um grande aporte para abrir uma nova unidade na mesma região, com três vezes a capacidade atual. Até o fim do ano, mais 200 pessoas devem ser contratadas, estima o executivo. A unidade de motores Gevisa já contava com 1,2 mil funcionários e pode precisar de alguma expansão também, afirmou.

A GE não divulga o faturamento de cada empresa ou a receita das divisões de negócios por região. Oliveira afirmou que a Power Conversion foi a unidade que mais cresceu dentro da companhia no ano passado, fortemente impulsionada pelos pedidos do pré-sal no Brasil.

A divisão na qual a unidade está inserida ainda tem pouca representatividade global nas atividades da multinacional americana, mas vem ganhando participação. No ano passado a receita da divisão de gestão de energia globalmente avançou 15%, para US$ 7,4 bilhões, enquanto a receita industrial total do grupo cresceu à metade desse ritmo, 8%, para US$ 102,8 bilhões.

Fonte: Valor Econômico – Ana Fernandes