A Wilson Sons, operadora integrada de logística, entrega hoje o Estaleiro Guarujá II, segunda unidade de construção naval do grupo na Baixada Santista. A empresa tem outro estaleiro, de menor porte, em operação também no Guarujá. As novas instalações, equipadas com dique-seco de 145 metros de comprimento por 26 metros de largura, guindaste de 80 toneladas e oficinas, receberam investimentos de US$ 60 milhões.
Cerca de 90% dos recursos foram financiados pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM) tendo o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) como agente financeiro. O prazo do financiamento, incluindo o período de carência, é de 17,5 anos. O estaleiro nasce focado na construção, manutenção e docagem de barcos de apoio para a indústria de petróleo e gás. E permitirá avançar em outro segmento de barcos offshore, o de embarcações de maior capacidade e sofisticação, disse Arnaldo Calbucci, vice-presidente das áreas de estaleiros, rebocadores, offshore e agenciamento marítimo da Wilson Sons.
A unidade vai duplicar a capacidade de produção da Wilson Sons Estaleiro, empresa dona das instalações do grupo no Guarujá. A capacidade total de processamento de aço nas duas unidades passa para dez mil toneladas por ano, sendo 5,5 mil toneladas no Guarujá II e 4,5 mil toneladas por ano no Estaleiro Guarujá, disse Calbucci. As obras do novo estaleiro atrasaram por discussões envolvendo o licenciamento ambiental e os trabalhos chegaram a ser interrompidos. Mas em 2011 o grupo fez acordo na Justiça pelo qual se comprometeu a investir R$ 5 milhões em projetos socioambientais na área de influência do estaleiro.
A inauguração coincide com momento de incerteza para as empresas do setor. O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) mostrou recentemente que houve redução da construção local de barcos de apoio marítimo, sobretudo os de maior porte, como os que movimentam âncoras de plataformas. Ao mesmo tempo, tem ocorrido aumento do aluguel de embarcações de bandeira estrangeira, feitas em estaleiros fora do Brasil, segundo o Sinaval.
O sindicato afirma que a Petrobras tinha expectativa de construir 146 barcos de apoio no país, mas desde 2009 contratou apenas 56. No início deste mês, em resposta ao Valor, a Petrobras informou que o Plano de Renovação da Frota de Embarcações de Apoio, em execução desde 2008, continua sendo implementado como planejado. Foram realizadas três rodadas de contratações e há uma quarta em processo de contratação para mais 23 barcos. Na quinta, sexta e sétima rodadas estão previstos contratar 67 barcos, segundo a estatal.
Calbucci disse que pode ter havido atraso nas contratações de novos navios, mas a empresa tem confiança de que a Petrobras voltará a contratar. “Acreditamos no pré-sal.” O executivo afirmou que a atividade de apoio offshore é a que mais tem crescido no grupo. Calbucci não comenta informações de mercado segundo as quais a Wilson Sons é uma das interessadas na compra dos ativos da Companhia Brasileira de Offshore (CBO), do grupo Fischer. “Temos interesse em crescer no mercado e olhamos oportunidades.”
Além da construção de barcos, o grupo tem sociedade com a chilena Ultramar na Wilson, Sons Ultratug Offshore (WSUT), que opera 14 barcos próprios, número que deve chegar a 17 até o fim de 2013. O grupo tem em carteira a construção de três navios de apoio para a WSUT. Há ainda contrato para construção de um ROVSV, barco equipado com robô submarino, para a holandesa Fulgro. No Estaleiro Guarujá serão construídos doze rebocadores para outra empresa do grupo, a Saveiros Camuyrano.