Carteira do BNDES para óleo e gás soma R$ 83 bi

  • 21/05/2013

Ainda muito concentrada na Petrobras, em termos de volume, a carteira de petróleo e gás do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), incluindo a cadeia produtiva do setor, já soma aproximadamente R$ 83 bilhões entre operações contratadas e em perspectiva. As operações com contratos assinados somam aproximadamente R$ 41,8 bilhões, das quais mais de 60% são com a Petrobras e suas subsidiárias, estando fora dessa estatística os R$ 25 bilhões contratados em 2009 com a estatal para obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).

No ano passado os desembolsos do banco estatal para o setor mais que dobraram, atingindo R$ 7,8 bilhões, ante R$ 3,3 bilhões em 2011. Foi em 2012 que começaram, com um total de R$ 350 milhões, os empréstimos contratados pelo Departamento da Cadeia Produtiva do Petróleo e Gás, criado há pouco mais de dois anos para estimular o desenvolvimento da rede de fornecedores do setor, tendo a descoberta do pré-sal e a política de conteúdo nacional como motivações principais.

noticia-156_fig1

A chefe do Departamento de Gás, Petróleo e Bens de Capital sob encomenda do BNDES, Priscila Branquinho das Dores, estima que o salto dado pelos desembolsos no ano passado representou uma mudança de nível. Ela estima que a partir de agora, e para um horizonte em torno de quatro anos, as liberações da sua área para o setor deverão ficar na casa dos R$ 8 bilhões.

Como o chefe do Departamento da Cadeia Produtiva de Petróleo e Gás, Ricardo Cunha, avalia que os números da sua área alcançarão entre R$ 500 milhões e R$ 800 milhões neste ano, devendo estabilizar-se na casa de R$ 1 bilhão anuais em seguida, a perspectiva do banco é de liberar R$ 9 bilhões por ano para o setor e seus fornecedores, o que corresponde a 5,8% dos R$ 156 bilhões emprestados pela instituição no ano passado.

Priscila explicou que dos R$ 40 bilhões já contratados pelo seu departamento e em fase de liberação, aproximadamente 35% (R$ 14 bilhões) correspondem a contratos pulverizados, especialmente para a área de construção de embarcações. O estaleiro OSX, do grupo EBX do empresário Eike Batista, é um dos clientes do banco estatal, assim como a Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP), esta para a construção da plataforma do campo de Manati, na Bahia.

Os 65% restantes na carteira de contratos são compostos por operações com a Petrobras e suas subsidiárias. De acordo com o balanço da petroleira do primeiro trimestre deste ano, no dia 31 de março o BNDES era credor de 25% da sua dívida total de R$ 196,9 bilhões, o que corresponde a R$ 49,2 bilhões.

A maior parcela dessa dívida é representada pelo contrato fora de série de 2009 para as obras do PAC. Ele foi dividido entre a Refinaria Abreu e Lima (Pernambuco), com R$ 9,89 bilhões, a Transportadora Associada de Gás (TAG), com R$ 5,7 bilhões, e a Petrobras “holding”, com R$ 9,41 bilhões. Uma fatia de 40% do empréstimo para a Abreu e Lima ainda aguarda uma definição da estatal venezuelana PDVSA sobre sua participação no projeto.

Priscila, a chefe do departamento voltado diretamente para a indústria do petróleo e gás, disse que a concentração verificada na área de refino no ano passado (R$ 4,412 bilhões), tende a se dispersar nos próximos anos, abrindo espaço para uma maior dispersão da carteira. A forte presença do refino está associada ao programa de modernização do parque de refinarias da Petrobras.

Ela disse também que o longo intervalo entre a penúltima e a última licitação de áreas de exploração e produção feitas pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) não teve influência na formação, nem no fluxo de caixa da carteira do banco para o setor. “A Petrobras continua fazendo investimentos na cessão onerosa (campos cedidos para a capitalização da estatal) e nas áreas do pré-sal já licitadas”, argumentou.

Haverá, segundo Priscila, um refluxo nos financiamentos para embarcações de apoio às operações em offshore, feitos com recursos do Fundo de Marinha Mercante (FMM). Mas isso não teria relação com a parada de 2008 até este mês das licitações da ANP, mas com as licitações da própria Petrobras para a contratação de serviços, que, de acordo com a técnica, é feita “em bateladas”.

O ainda juvenil departamento de operações de apoio à cadeia produtiva do petróleo e gás tem números bem mais modestos, mas crescentes. “Com o pré-sal, o BNDES decidiu que precisava lidar com a cadeia produtiva do petróleo de forma mais cuidadosa”, disse Cunha, o técnico que comanda o setor. A grande diferença é que nessa área, cerca de 85% são empresas de pequeno e médio portes, com até R$ 100 milhões de faturamento anual, enquanto no outro departamento a maioria das empresas são de grande porte.

De acordo com Cunha, o apoio a esse segmento exigiu do banco estatal aprendizado e flexibilidade, inclusive a interação com as associações de classe para ajudar as empresas a preparar suas cartas consulta, a formalização do pedido de financiamento. O BNDES passou também a aceitar contratos firmes de fornecimento como garantias para contratações, uma vez que muitas empresas não têm dados de balanços compatíveis com seus pedidos.

Até agora o departamento chefiado por Cunha formou uma carteira de 27 operações em andamento, totalizando R$ 2,9 bilhões. Dessas, já foi contratado um montante de R$ 1,8 bilhão. Esse número equivale a 69% dos R$ 2,56 bilhões de investimentos totais previstos para esses 15 projetos.

21/05/2013|Seção: Notícias da Semana|Tags: , , , , |