A Petrobras conseguiu avançar, no fim na semana passada, no seu plano de venda de ativos, no qual prevê alcançar US$ 9,9 bilhões até 2017. Na sexta-feira, a estatal comunicou dois negócios, o mais importante com o BTG Pactual, que será seu sócio na África. O banco pagará US$ 1,525 bilhão por 50% da Petrobras Oil & Gás, subsidiária que está nas mãos da Petrobras International Braspetro (PIBBCV). A empresa explora e produz petróleo e gás no continente africano.
A notícia foi bem recebida pelos investidores e fez com as ações da petrolífera fechassem as negociações no pós-mercado no azul na sexta-feira. As ações preferenciais subiram 1,6%, para R$ 18,35, enquanto as ordinárias avançaram 1%, para R$ 16,70 no “after-market”, após amargarem um pregão de fortes perdas na sessão regular.
Além do acordo com o BTG Pactual, o conselho de administração da Petrobras aprovou, na sexta-feira, a venda dos 49% que possui na Brasil PCH para a Cemig por R$ 650 milhões. A Brasil PCH controla 13 pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), com capacidade instalada total de 291 megawatts (MW).
O Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, já havia antecipado, no início de junho, que a Cemig avaliava o negócio, que faz parte de uma estratégia agressiva de aquisições traçada pela estatal mineira, que não aceitou renovar as concessões de suas hidrelétricas que vencem até 2015. Durante encontro com analistas e investidores no fim de maio, a Cemig afirmou que pretende, com seu plano de aquisições, chegar a “outro patamar” em termos de resultados.
O banco contratado pela Petrobras para conduzir seu plano de venda de ativos é o Standard Chartered. O BTG Pactual foi um dos potenciais investidores para os quais o banco ofereceu os ativos da estatal na África, segundo apurou o Valor PRO.
As conversas com a Petrobras tiveram início no primeiro trimestre. A partir daí, os recursos foram captados pela instituição financeira. O negócio foi conduzido pela área do BTG chamada de “merchant banking”, que reúne investimentos, com capital próprio e de terceiros, em participações societárias.
O BTG Pactual criou um novo fundo de participações para ser o veículo de investimento na joint venture. A captação do US$ 1,525 bilhão aplicado no negócio foi feita em poucos meses e a quantia foi levantada com recursos do próprio BTG, seus sócios e clientes, segundo fonte a par do assunto.
Inicialmente, a estatal pretendia se desfazer totalmente dos ativos africanos, mas as conversas com o BTG evoluíram para um controle compartilhado – modelo já adotado pelo banco. Interessa à joint venture o potencial dos campos de óleo e gás tem em seis países da África. Três blocos – sendo dois na Nigéria e um em Angola – já estão operacionais e produzem 50 mil barris/dia de petróleo equivalente.
No total, a Petrobras Oil & Gas (nome da parceria) tem 12 blocos em seis países. Além da Nigéria e de Angola, eles estão em Benim, no Gabão, na Namíbia e na Tanzânia. Para o BTG, o acordo também representa uma volta ao segmento de óleo e gás. No ano passado, o banco se desfez de um investimento na STR, holding que controla a Petra Energia, por R$ 700 milhões.
Em outra frente, o BTG tem um acordo de “cooperação estratégica de negócios” com o grupo EBX, que controla a petrolífera OGX. Nesse caso, a parceria prevê a oferta de assessoria financeira, crédito e, eventualmente, capital do BTG para reestruturar o grupo. Apesar disso, o interlocutor ouvido pelo Valor PRO diz que não há conflito de interesses entre a assessoria e a joint venture com a Petrobras. Primeiro, segundo ele, porque o acordo com o grupo EBX não é societário, mas de aconselhamento financeiro. Segundo, porque a “OGX não atua na África”.