O sinal verde dado pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM) para que a Sete Brasil contrate R$ 10,3 bilhões em empréstimos junto a bancos credenciados do fundo tende a facilitar a atração de novos financiadores para o projeto da empresa de construir 29 sondas de perfuração de petróleo, um investimento de US$ 25 bilhões. Ontem o “Diário Oficial da União” publicou relação de 39 projetos do setor naval e offshore, com investimentos totais de R$ 17,3 bilhões, que poderão ser apoiados pelo FMM. A lista inclui a construção de oito sondas da Sete Brasil, com crédito previsto de R$ 10,3 bilhões. A Sete é especializada na gestão de ativos para prestação de serviços à indústria de petróleo e gás.
O presidente da Sete Brasil, João Carlos Ferraz, disse que a “prioridade” dada pelo FMM torna mais fácil atrair outros financiadores para o projeto. A “prioridade” é o primeiro passo para a concessão do financiamento bancário com recursos do FMM, fonte de financiamento de longo prazo para o setor naval e offshore. Segundo Ferraz, dos US$ 25 bilhões a serem investidos na construção das 29 sondas, US$ 20,3 bilhões ou 81% estão bem encaminhados. Nas contas de Ferraz, o valor inclui US$ 9 bilhões a serem contratados junto ao BNDES, US$ 6,3 bilhões (R$ 10,3 bilhões) do FMM e US$ 5 bilhões em recursos próprios da Sete Brasil.
Restam, portanto, US$ 4,7 bilhões, ou 19% dos US$ 25 bilhões, a serem captados no mercado. Ferraz disse que a empresa tem negociações com agências de crédito à exportação da Inglaterra e da Noruega para complementar os recursos. Há ainda outras opções sendo consideradas como emissões de “bonds” no mercado internacional e de debêntures no Brasil. Outra linha de crédito possível são fontes bancárias, disse Ferraz.
O planejamento da Sete Brasil previu ainda a contratação de empréstimos de curto prazo para fazer frente às necessidades enquanto os empréstimos de longo prazo não eram fechados. A Sete Brasil contratou, em julho do ano passado, linha de US$ 793 milhões com o Itaú e o Banco do Brasil e outro crédito, de US$ 1,7 bilhão, com BB, Votorantim, Santander e Bradesco. Ferraz afirmou que a empresa deve contratar, em duas semanas, outra linha de curto prazo, de US$ 1,1 bilhão, com outro “pool” de bancos, o qual não revelou os nomes.
As linhas de curto prazo mais o capital próprio devem permitir à Sete Brasil levar os projetos adiante até o fim de 2014. Nesse meio tempo, a empresa espera contratar os financiamentos de longo prazo com o BNDES, permitindo dar continuidade ao projeto. O executivo afirmou que os US$ 9 bilhões a serem contratados com o banco de fomento correspondem a um valor “estimado” referente a 50% do investimento total em 21 das 29 sondas. “A Sete tem enquadradas, no BNDES, 21 sondas e esperamos até o fim do ano ter os financiamentos [dessas unidades] contratados”, disse Ferraz. Normalmente, as empresas utilizam os financiamentos de longo prazo para quitar os empréstimos de curto prazo.
Em relação à linha de crédito do FMM, Ferraz disse que a empresa ainda analisa quem será o agente financeiro da operação. Mas a ideia é reduzir a exposição da Sete ao BNDES. Restam, portanto, os demais agentes financeiros do FMM, sendo os principais o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. Ferraz afirmou que, enquanto os recursos do BNDES devem financiar as primeiras sondas a serem entregues, os financiamentos do FMM servirão para financiar as últimas oito unidades. As oito sondas financiadas com recursos do FMM serão construídas pela Jurong (ES), Estaleiro Atlântico Sul (EAS), Ecovix (RS) e Enseada do Paraguaçu (BA). A Sete Brasil Participações tem como sócios FI-FGTS, Petrobras, Petros, Funcef, Previ, Valia, Santander, BTG Pactual, EIG e Lakeshore.