O Estaleiro Atlântico Sul (EAS), de Pernambuco, é sempre citado como exemplo de ineficiência, basicamente devido aos atrasos da embarcação pioneira, o João Cândido. Mas, segundo fontes empresariais, a chegada dos japoneses da Ishikawajima Harima está revolucionando o panorama por lá, pois eles impõem um ritmo de trabalho alucinante e buscam uma eficiência única. O estaleiro já entregou dois navios e este ano deve entregar mais dois. Suas encomendas, somando navios e plataformas, são de 22 obras, em valores que superam muitos bilhões de dólares. O total de trabalhadores é de 6.200 pessoas e, entre esses, há 60 japoneses que, no máximo, chegarão a 300.
A turma da IHI chegou com entusiasmo tão grande que eles insistiram para que seus alojamentos ficassem o mais perto possível do local de trabalho. Todos os métodos estão sendo revistos, sem que isso represente demérito para a responsável anterior por suprimento tecnológico, a coreana Samsung, de enorme sucesso em todo o mundo. A Ishikawajima tem 25% do capital – o resto é igualmente dividido entre as brasileiras Camargo Corrêa e Queiróz Galvão – e comenta-se que a participação dos japoneses deverá chegar a 33%. Eles querem investir mais, para mostrar mais comprometimento com a empresa. E, no futuro, lucrar mais.
O estaleiro tem condições especiais: área excepcional, muito ampla; pessoal devotado, pois na região não havia opções de trabalho, e agora, sob o comando duro mas eficaz dos japoneses, o EAS pede passagem. Fontes garantem que, em breve, seus níveis de produtividade vão surpreender concorrentes mais tradicionais no ramo.