As máquinas e equipamentos usadas por companhias de óleo e gás são hoje fonte de grande preocupação no setor. Segundo a Abimaq, associação que representa as companhias de bens de capital mecânico, esse segmento tem hoje as carteiras de pedidos mais fracas.
As companhias estão sentindo a redução dos pedidos da Petrobras, grande consumidora deste tipo de equipamentos, segundo a Abimaq. “Por conta da dificuldade de caixa da Petrobras, [o setor] fica afetado”, afirmou ontem em coletiva de imprensa o diretor-secretário da Abimaq, Carlos Pastoriza.
“Várias empresas de óleo e gás estão sem [pedidos em] carteira”, acrescentou José Velloso, vice-presidente da entidade. Segundo ele, um equipamento de grande porte usado no setor de óleo e gás costuma ter um prazo de entrega de um ou dois anos. No momento, porém, a carteira das companhias de máquinas pesadas, vendidas sob encomenda, está em aproximadamente seis meses. Esse grupo inclui não apenas o segmento de óleo e gás, mas também outros grandes equipamentos usados em concessões públicas. “Isso nos preocupa fortemente, porque não podemos ficar abaixo de um ano”, afirmou Velloso.
A Abimaq não divulga o faturamento das companhias por nichos de atuação, mas a queda das vendas de todo o setor foi de 6,7% neste ano até agosto, na comparação com o mesmo período do ano passado, e somou R$ 52,2 bilhões. Apenas em agosto, as receitas somaram R$ 7,3 bilhões, 2,1% abaixo do valor do mesmo mês de 2012.
A estimativa da Abimaq é de uma melhora nas vendas nos próximos meses para a maioria dos segmentos, sendo o de óleo e gás uma exceção. A previsão mais recente da entidade é que o setor termine com uma queda de faturamento de 3% a 4% na comparação com 2012. Antes, a projeção era de recuo de 5% a 8%.“Nossa hipótese mais otimista é de empatar com o ano passado”, afirmou Mário Bernardini, assessor econômico da associação.
A Abimaq espera que em 2014 as concessões de infraestrutura elevem a demanda por máquinas sob encomenda, mas afirma que isso deve demorar a se refletir em aumento de faturamento. Para puxar as vendas, a entidade quer emplacar dois programas de incentivos ao setor: Mais Investimentos e Inovar Máquinas. O primeiro, também conhecido como Refis Investimentos, propõe que empresas que tomam recursos com o BNDES para investir em máquinas tenham abatimento de dívidas federais. Já o Inovar Maquinas propõe a desoneração de empresas que fabricam máquinas com conteúdo nacional.
Segundo Pastoriza, o governo mostrou simpatia com as propostas, mas pediu que a associação espere até o início de 2014 para discutir o tema. Nos cálculos do executivo, o Refis Investimentos poderia dobrar o valor dos empréstimos para compras de máquinas e equipamentos pela linha Finame, do BNDES. De janeiro a julho, os recursos da linha ao setor somaram R$ 19 bilhões, segundo a Abimaq.