Ivan Leão – diretor da Ivens Consult
O painel, na OTC 2013, dia 30/10/2013, sobre as perspectivas offshore na região do Atlântico Sul, mostrou um grupo de executivos entrosados e afinados com uma visão similar sobre o futuro para investimentos em exploração e produção na região do Atlântico Sul, considerada uma prioridade para as empresas. Participaram José Formigli Filho, diretor de E&P da Petrobras; Malcom Brown, vice-presidente de E&P da BG; Mark Schuster, vice-presidente de exploração da Shell; Eunice Carvalho, presidente da Chevron Brasil; Rocky Becker, vice-presidente Américas da Exxon; e Oliver Lancavant, vice-presidente de estratégia da Total.
Todas as petroleiras são parceiras da Petrobras em consórcios de exploração e produção, e os novos parceiros de Libra, Shell e Total, concordaram com a comparação de Eunice Carvalho, da Chevron, que um consórcio para os próximos 35 anos é um casamento onde existe a necessidade de adaptação e o encontro de objetivos comuns, e que brigas e eventuais crises de mau humor existirão e devem ser superadas.
O pano de fundo comum é o reconhecimento de que a expansão de população mundial de 7 para 9 bilhões de pessoas, nos próximos 30 anos, exigirá impressionante aumento da produção diária de petróleo e gás em mais de 30%. Apesar do aumento da oferta do gás de xisto nos EUA. Também no pano de fundo a preocupação com uma solução socioeconômica que evite a convulsão social nos países caso a oferta de energia não seja capaz de melhorar a qualidade de vida e as oportunidades de avanço das populações.
A região de exploração e produção do Atlântico Sul vai da fronteira equatorial até o Uruguai, na margem Leste, e até a África do Sul, na margem Oeste. As petroleiras participantes do painel estão na maioria dos países da região e ofereceram uma visão positiva e otimista em relação ao futuro. Destacaram a necessidade de compartilhar recursos de tecnologia e inovação e de manter o foco na questão da segurança das pessoas e do meio ambiente como prioridade. O Brasil foi bem avaliado quanto às exigências regulatórias e de conteúdo local. Mas, existiu a preocupação quanto à manutenção de uma política fiscal (de cobrança de taxas, impostos e outros tributos) que não desestimule os investimentos.
O gerenciamento dos riscos com a visão de um lucro satisfatório para os acionistas, foi um dos temas relevantes. A exploração de um campo offshore é uma atividade de cinco anos de despesas e desembolsos, num ambiente de retorno incerto. Políticas e ambiente regulatório estáveis são o desejável. Os executivos, de certa maneira, sentiam a tensão das placas representadas pelos acionistas e financiadores e pelos governos que controlam a concessão da produção offshore em seus territórios.