Os desafios do pré-sal envolvem novas questões tecnológicas quando comparadas às que foram superadas no passado na exploração dos campos do pós-sal. Daí surge a oportunidade de firmar parcerias de suprimento, inclusive as que incorporam inovação à cadeia de produção. Nesse cenário, há enorme campo para investidores estrangeiros, disse Paulo Alonso, assessor da presidente da Petrobras para Conteúdo Local, em almoço-palestra durante a OTC Brasil, realizado hoje (31/10).
No chamado aos fornecedores e projetistas estrangeiros da cadeia de petróleo e gás para que produzam no Brasil, Paulo Alonso citou um exemplo. “Em 2003, período inicial de implementação da atual política, a área de Exploração e Produção alcançava entre 49 a 53% de conteúdo local em sua operação. Hoje, já chegamos à faixa entre 55% e 65%, em alguns casos a 73 %, com tendência a crescimento dessa participação. Sugiro que a indústria multinacional foque nas oportunidades aí contidas, inclusive devido ao incremento de demandas que o pré-sal vai gerar até 2020.”
Segundo Paulo Alonso, a política de conteúdo local traz benefícios para o país como a diversificação da economia local, aumento da atratividade para investidores, crescimento sustentável da economia, geração de empregos e incremento da receita proveniente de tributos. Para as empresas de petróleo, os ganhos vêm da redução dos custos de operação, proximidade entre fornecedores e operadores, redução da dependência de mão de obra estrangeira, aumento da capacidade de inovação dos fornecedores, redução dos custos de logística e disponibilidade de assistência técnica local.
Paulo Alonso frisou que a atração de investimentos estrangeiros se insere na política de gestão da Petrobras. Ele está convencido de que a atual política de governo de estímulo à produção no país de itens para a indústria petrolífera já está nitidamente surtindo efeitos. “Em cinco anos, teremos um parque industrial de classe mundial, capaz de não só suprir as necessidades internas, como também apto para assumir projetos de petróleo e gás em qualquer parte do mundo, praticando preços competitivos e sustentáveis”, disse.
O executivo citou a árvore de natal (equipamento instalado na cabeça do poço) como item que demonstra o acerto dessa orientação de atrair investimentos para o Brasil. O último certificado emitido este equipamento alcançou 73% de fabricação nacional, informou.
Sobre o processo de definição do percentual de conteúdo local da área de Libra, Paulo Alonso esclareceu que o valor foi estabelecido pelo governo com estreita colaboração da Petrobras e de instituições representativas dos fabricantes. “Estivemos reunidos em Brasília com o intuito de fornecer os elementos que o governo precisava para estabelecer o conteúdo local em Libra”, contou o executivo. “Os números apresentados pelo governo foram realmente sustentados pela Petrobras, outras companhias operadoras e instituições que representam a indústria no Brasil”, acrescentou.
Outros países
Rússia, Ucrânia, Nigéria, Moçambique, Tanzânia, México, Venezuela e Equador são alguns países que, como o Brasil, atuam com diretrizes ditadas por políticas de conteúdo local. Segundo Paulo Alonso, ao invés de representar entrave, essa orientação gera oportunidade de o capital produtivo de qualquer nacionalidade participar do processo de desenvolvimento da indústria local, seja diretamente ou por meio de parceria.