As plataformas montadas em Rio Grande para dar suporte à extração de petróleo da camada pré-sal pela Petrobras viraram uma espécie de joia da coroa no balanço das exportações gaúchas em 2013. Em outubro, graças ao segundo equipamento despachado para a Bacia de Campos no ano, o Rio Grande do Sul alcançou fatia de 16,7% da receita externa entre os estados. Segundo os especialistas da Fundação de Economia e Estatística (FEE), a taxa é um dos maiores patamares de participação gaúcha na balança externa.
No mês, a receita somou US$ 3,8 bilhões, alta de 157% frente a outubro de 2012. Somente outros equipamentos de transporte, que é a conta das plataformas, significou receita de US$ 1,9 bilhão. O Estado só ficou atrás de São Paulo, com 22,4% da receita, que caiu 9,5%. Até outubro, o fluxo total somou US$ 21,3 bilhões, alta de 41,2% frente aos dez primeiros meses de 2012. O Rio Grande do Sul ficou com fatia de 10% da receita com as exportações. Do total, US$ 3,6 bilhões entraram na conta de outros equipamentos de transporte, setor em que se enquadram as plataformas. Como em novembro a terceira plataforma foi enviada à área do pré-sal, a P-58, mais efeitos na indústria serão sentidos.
O economista Adalberto Maia, do Centro de Informações e Estatísticas da FEE, lembra que o fato de as plataformas serem exportadas numa operação contábil (como encomendas de subsidiárias da Petrobras no Exterior), sem deixar fisicamente o País, não desmerece o impacto na pauta externa gaúcha. “O polo naval já é parte da estrutura produtiva local. Temos de nos acostumar com essas plataformas, que estarão incluídas em um ano e poderão não estar no seguinte”, advertiu Maia. Em 2015, não há previsão de conclusão de encomendas, mas nos anos seguintes, sim.
Nos negócios externos, além das plataformas, a China foi o principal destino nos dez primeiros meses do ano, com US$ 4,4 bilhões, 20,5% no total negociado e 60% acima do mesmo período de 2012. Soja em grão é o produto mais comprado pelo país asiático. No total da pauta, o grão respondeu por 84,4% da receita vendida nos itens primários. No mês de outubro, o País foi superado pela Holanda, em primeiro lugar pelo efeito plataforma. Nos destinos, Argentina, mesmo com problemas de liberação de cargas de calçados, ficou em segundo lugar nos dez primeiros meses, com US$ 1,6 bilhão, 26,7% acima dos US$ 1,3 bilhão do mesmo período de 2012.
O economista Guilherme Risco, da equipe do Centro de Informações, lembrou que as adversidades não afetam todos os ramos produtivos. “A importação da Argentina está sujeita a instabilidades internas, mas mostra que tem muito peso”, adverte Risco.
As exportações da indústria de transformação registraram crescimento de US$ 3,9 bilhões no acumulado do ano (31,5% em valor, 1,2% em volume e 30,0% em preços). O setor respondeu por 75,6% da receita até outubro, somando US$ 16,1 bilhões. Entre os maiores crescimento do setor, estão derivados de petróleo (195%), metalurgia básica (87,6%) e veículos automotores, reboques e carrocerias (17,3%). Os produtos com desempenho negativo no período incluem alimentos e bebidas, recuo de 9% na receita, que pode ter efeito da queda em exportação de óleo de soja.