A Transpetro lançou ao mar nesta sexta-feira (28/02) o navio Irmã Dulce, a décima embarcação do Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef) a atingir essa fase em um prazo de quatro anos. O navio foi transferido ao cais do estaleiro, onde passará por acabamentos antes da entrega para o início das operações. Logo depois do lançamento do petroleiro, foi realizado o batimento de quilha do terceiro navio da série de quatro panamax encomendados pelo Promef.
O Irmã Dulce é o segundo de uma série de quatro petroleiros do tipo panamax que serão batizados em homenagem a mulheres que ajudaram a construir a História do Brasil. O primeiro foi o Anita Garibaldi, que está na fase de acabamentos no mesmo estaleiro. Utilizados para o transporte de petróleo e derivados escuros, os navios desse tipo têm 228 metros de comprimento e capacidade de transportar 90,2 milhões de litros.
Das dez embarcações do Promef lançadas ao mar, sete já foram entregues à Transpetro: os navios de produtos Celso Furtado, Sérgio Buarque de Holanda, Rômulo Almeida e José Alencar, construídos pelo Mauá; e os suezmax João Cândido, Zumbi dos Palmares e Dragão do Mar, feitos pelo Estaleiro Atlântico Sul (EAS), em Ipojuca (PE). Desse total, seis estão em operação. O Dragão do Mar fará a sua primeira viagem ainda neste primeiro trimestre.
“Com a décima embarcação do Promef lançada ao mar, conseguimos mostrar que a indústria naval brasileira alcança, cada vez mais, o patamar da produtividade e da produção em série. O Promef garante a encomenda de navios no Brasil e o conteúdo nacional mínimo de 65%. Agora, estamos perseguindo a competitividade internacional para colocar de novo o nosso país na posição de player mundial na produção de navios”, afirma o presidente da Transpetro, Sergio Machado.
O Promef
O Promef impulsionou a reconstrução da indústria naval brasileira após uma crise de décadas, com investimento de R$ 11,2 bilhões na encomenda de 49 navios e 20 comboios hidroviários. O Brasil tem, atualmente, a terceira maior carteira mundial de encomendas de petroleiros e a quarta maior de navios em geral. A indústria naval, que chegou a ter menos de dois mil operários na virada do século, hoje emprega 78 mil pessoas, segundo dados do Sinaval.
Com os sete navios entregues, o índice de conteúdo nacional é superior a 65%, quantitativo estipulado para a primeira fase do programa, garantindo geração de emprego e renda no país. Apenas no Estaleiro Mauá, onde o Irmã Dulce está sendo construído, foram gerados 3.400 postos de trabalho.
O Promef tem três pilares:
- construir navios no Brasil;
- alcançar índice de conteúdo nacional mínimo de 65% na primeira fase, e de 70% na segunda fase;
- atingir competitividade internacional, após a curva de aprendizado.
Os dois primeiros pilares já foram alcançados. E, com eles, o Promef ajudou a retirar a indústria naval brasileira do abandono em que se encontrava há décadas.
O terceiro pilar, a busca por competitividade internacional, é o atual foco. Para atingir este objetivo, a Transpetro criou o Sistema de Acompanhamento da Produção (SAP), que tem como função avaliar os processos produtivos dos estaleiros e sugerir alternativas para melhoria da produtividade.
Os principais players da indústria naval internacional, como Japão, Coréia do Sul e China levaram, respectivamente, 63, 53 e 23 anos para atingir a maturidade do setor. Em apenas 13 anos, o Brasil já obteve resultados comparáveis aos do mercado chinês.
Perfil de Irmã Dulce (26/05/1914 – 12/03/1992)
Irmã Dulce (Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes) foi uma das mais importantes ativistas humanitárias brasileiras do Século XX. Também conhecida como Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, a baiana de Salvador morreu em 1992, em sua cidade natal. Ela realizou obras de caridade para presidiários, mães lactantes, doentes, crianças, operários e pobres em geral, atividades que ganharam notoriedade no Brasil e no mundo.
Irmã Dulce pertencia à Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus e pode se tornar a primeira santa católica nascida no Brasil. A cerimônia de beatificação (última etapa antes da canonização), realizada em 2011, foi presidida pelo arcebispo emérito de Salvador, Dom Geraldo Majella Agnelo, designado para o evento pelo então papa Bento XVI.
Ficha técnica/navio Irmã Dulce | |
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Tipo | petroleiro panamax |
Porte bruto | 72.900 Toneladas de Porte Bruto (TPB) |
Comprimento total | 228 m |
Boca | 40 m |
Calado | 12 m |
Altura | 48,3 m |
Velocidade | 15 nós |
Transporta | petróleo e derivados escuros |
Capacidade para transportar | 90,2 milhões de litros |
Característica | navio “shallow draft” (calado reduzido) |
Etapas da construção de um navio
Segundo tradição da indústria naval mundial, a construção de um navio tem cerimônias que marcam etapas fundamentais das obras: o corte da primeira chapa de aço, o batimento de quilha, o lançamento ao mar e a entrega ao armador.
É importante ressaltar, sobretudo, a diferença entre o lançamento ao mar e a entrega ao armador:
Lançamento ao mar – Depois de concluída a edificação do casco, o navio é batizado e lançado ao mar, para os acabamentos finais. O lançamento libera o dique para o início das obras de uma nova embarcação. O navio em construção é transferido para o cais do estaleiro.
No cais, são feitas as obras de acabamento, as interligações dos vários sistemas e os últimos testes em equipamentos. Antes da entrega, o navio é geralmente levado de novo ao dique, para a limpeza do casco. Por fim, são feitas as provas de mar – viagens de curta duração que testam o desempenho geral da embarcação.
Entrega – Após a conclusão de todas as obras e testes, o navio é certificado por uma sociedade classificadora independente e entregue ao armador, para o início das operações.