Potência mundial na produção de grãos, reforçada com a conquista da liderança nas exportações de soja no ano passado, o Brasil se apequena quando a safra ultrapassa as porteiras das fazendas. Com problemas históricos em logística, o país transporta mais de 50% de sua safra ainda por caminhões que percorrem longas distâncias em rodovias abarrotadas e em condições precárias.
— Somos um país de rodovias, que não consegue estabelecer políticas de longo prazo para resolver suas deficiências estruturais — critica Benami Bacaltchuk, professor da Universidade de Passo Fundo (UPF).
A ineficiência do transporte diante da nova supersafra prevista para este ano voltou a ser um dos assuntos mais discutidos na Expodireto Cotrijal, em Não-Me-Toque. O Rio Grande do Sul, apesar de ter condição privilegiada pela distância relativamente curta entre os polos produtores e o porto de Rio Grande, movimenta apenas 5% das cargas por meio de hidrovias. A ferroviária responde por menos de 20% e o restante chega ao porto por meio rodoviário. Nos Estados Unidos, por exemplo, as hidrovias respondem por mais de 60% das cargas.
Um dos problemas da dependência de rodovias é que o frete quase dobra de preço no período da colheita. Neste mês, quando a soja começa a ser colhida no Estado, o custo para transportar uma tonelada de Cruz Alta a Rio Grande passará de R$ 50 para R$ 85.
— Não há nenhum planejamento para dar condições a essa movimentação de cargas — lamenta o vice-presidente da Federação das Empresas de Logística e Transporte de Cargas no Estado, Milton Schmitz, ao criticar as estruturas deterioradas de rodovias concedidas e que estão sem manutenção desde que os contratos de concessão venceram.
Conforme levantamento divulgado nesta semana pela Federação da Agricultura no Rio Grande do Sul (Farsul), o Brasil perde todos os anos, por más condições logísticas, R$ 9,05 bilhões, um prejuízo que vem aumentando 6% ao ano.
Fonte: Zero Hora/Joana Colussi