A força do polo naval gaúcho

  • 11/04/2014

Na década de 1970, o setor naval brasileiro experimentou forte crescimento, com o período denominado pelos economistas de “O Milagre Brasileiro”. Para o setor, a década de 1980 foi, ao mesmo tempo, período de auge e decadência que durou até o ano 2000, quando o governo federal, que precisava fomentar a geração de empregos, enxergou na exploração do petróleo e da navegação de cabotagem, boas oportunidades de crescimento, e estabeleceu políticas e projetos para o desenvolvimento dessa indústria dentro do programa de conteúdo nacional para fornecimento de plataformas para a Petrobras.

A partir desse programa foi criada no Rio Grande do Sul uma política desenvolvimentista para o setor naval, que se iniciou com o planejamento e desenvolvimento do Polo Naval de Rio Grande, seguiu com a criação do Polo Naval de São José do Norte e culminou com o conceito do Polo Naval do Jacuí, que possui um canal navegável, com mais de 460 quilômetros, com calado de 17,5 m no porto de Rio Grande até 2,5 m de calado na região de Cachoeira do Sul e Charqueadas, permitindo transporte por águas de parte importante da produção do Estado. O conceito de polo naval mais hidrovia permite o entrelaçamento logístico das diversas regiões produtivas e de desenvolvimento do ensino e tecnologia do Estado. Explorando um pouco mais a geografia do projeto oceânico do Estado, o calado em Rio Grande e São José do Norte permite que as unidades flutuantes de armazenamento e transferência possam operar sem restrições, possibilitando o transporte de grandes equipamentos, e a interligação de pontos mais remotos para o transporte de materiais e equipamentos.

Muito embora este projeto tenha como pano de fundo o petróleo, gás e o desenvolvimento naval, a hidrovia também facilitará a logística de diversas empresas produtoras de vinhos, sucos, água, refrigerantes, móveis e todas as outras que comercializam com outros estados da nação e que exportam. O Polo Naval do Rio Grande do Sul ingressou no programa de desenvolvimento de polos navais da Agência Brasileira de Desenvolvimento da Indústria (Abdi), que consiste em propor atividades para a qualificação das empresas fornecedoras e aprimorar a formação da mão de obra por meio de parceiras com o Senai. Em 2012, o Rio Grande do Sul tinha uma carteira de encomendas de navios da ordem de R$ 9,7 bilhões, o que representava uma participação de 35,8% de encomendas do País. Além disso, o polo gerou 10,5 mil empregos no setor.

Fonte: Jornal do Commercio RS) – Lourival Stange
11/04/2014|Seção: Notícias da Semana|Tags: , , |