Hidrovias têm grande potencial de utilização

  • 28/05/2014

O Brasil conta com doze regiões hidrográficas e 41.635 quilômetros de vias navegáveis, mas apenas 20.956 km (50,3%) são economicamente navegáveis. Seis corredores hidroviários são aproveitados para o transporte de cargas. O principal é o Solimões-Amazonas, com 16.797 quilômetros, correspondentes a 80% de todo o complexo hidroviário. Os demais são: Paraná-Tietê (1.495 km), Tocantins (982 km), Paraguai (592 km), São Francisco (576 km) e Sul (514 km).

Em 2012, segundo a Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários), o transporte de cargas por hidrovias movimentou 80,9 milhões de toneladas, um crescimento de 1,4% ante o ano anterior, quando passaram pelas hidrovias 79,8 milhões de toneladas. “É um volume expressivo, mas há potencial para uma utilização bem mais intensa das hidrovias, desde que se façam os investimentos necessários”, afirma Adalberto Tokarski, diretor da Antaq.

Por ser um modal em que não há compartilhamento ou concessão com a iniciativa privada, o sistema hidroviário necessita de investimentos públicos para ser viável economicamente, ou seja, que permita a navegação em longos trechos sem ficar à mercê dos períodos de chuvas (ou águas altas) e de estiagem. Para tanto, é preciso que haja um permanente sistema de dragagens (retirada de sedimentos sólidos e lodo acumulado) nos rios e suficiente número de eclusas – degraus que permitam a subida ou descida da embarcação em áreas de desníveis.

De acordo com projeções feitas pela Antaq no estudo Plano Hidroviário Estratégico, os rios brasileiros terão condições de transportar 120 milhões de toneladas em 2031 caso sejam feitos investimentos de R$ 17 bilhões em obras e adequações nas hidrovias ao longo de 11 anos. Hoje, diz Tokarski, os investimentos necessários esbarram na burocracia, na demora nos licenciamentos ambientais e na falta de planejamento e frequência na realização de dragagens.

O meio de navegação é indicado para transporte de longa distância e cargas a granel, como soja, farelo de soja, minérios, madeira e celulose, petróleo e produtos químicos que não necessitem de cuidados especiais. Os principais benefícios são menor custo por unidade transportada, redução das emissões dos gases de efeito estufa e menor consumo de combustível.

Estudo demonstra que 6 mil toneladas podem ser transportadas no rio por um comboio, utilizando quatro chatas e um empurrador; por ferrovia, esse mesmo volume exigiria 86 vagões de 70 toneladas enquanto que por rodovias seriam necessárias 172 carretas de 35 toneladas cada. Com relação ao consumo, uma barcaça gasta 4,1 litros/tonelada a cada 1000 km, o trem consome 5,7 litros e o caminhão, 15,4 litros.

A hidrovia mais estruturada do país é a Tietê-Paraná, responsável pelo escoamento da produção agrícola (milho, soja e cana) de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. A hidrovia conta com 12 terminais portuários e em 2011 movimentou 5,8 milhões de toneladas de carga. “É a única em que as dragagens são feitas com regularidade”, diz o diretor da Antaq. Desde 2012, está em andamento um plano de investimentos de R$ 1,5 bilhão oriundos do PAC 2 (R$ 900 milhões) e governo estadual (R$ 600 milhões). As obras incluem extensão da hidrovia, construção de barragens, melhoria das eclusas, novos terminais e reforma de pontes. O trabalho vai permitir a movimentação de 11,5 milhões de cargas/ano.

Fonte: Valor Econômico/Gulherme Meirelles | De São Paulo

 

28/05/2014|Seção: Notícias da Semana|Tags: , |