A Petrobras prepara uma captação de recursos no mercado local com uma emissão de debêntures, no valor de R$ 800 milhões. A operação terá prazo de seis anos e será realizada pelo J.P. Morgan, segundo fontes de mercado. Ainda não está claro, porém, se os papéis serão vendidos a investidores ou encarteirados pelo banco em um primeiro momento.
A emissão foi a forma usada pelo J.P. Morgan para estruturar um financiamento à estatal, conforme apurou o Valor. A concessão de crédito via debêntures conta com a vantagem da isenção do imposto sobre operações financeiras (IOF), ao contrário dos empréstimos tradicionais. A operação se tornou pública após a divulgação de um relatório da agência Fitch. Procurados, o banco e a estatal não comentaram o assunto.
Com uma grande necessidade de captação de recursos para fazer frente ao plano de investimentos previstos para os próximos anos, a Petrobras teria negociado linhas de crédito individuais com os bancos em troca da participação no consórcio que realizou a última captação externa da empresa, de US$ 8,5 bilhões, segundo duas fontes com conhecimento do assunto.
Além do J.P. Morgan, a emissão de bônus no exterior foi coordenada por Bank of China, BB Securities, Bradesco BBI, Citibank e HSBC. A maior parte das instituições concedeu os créditos à estatal no exterior, onde encontram funding mais barato, enquanto o Bradesco recorreu a um empréstimo local, no valor de R$ 4 bilhões, com funding da caderneta de poupança.
Como o J.P. Morgan não conta com uma ampla base de captação local, a expectativa é que o banco tente encontrar investidores para as debêntures. A emissão representa quase 64% do saldo da carteira de crédito do banco no país, que fechou o ano passado em R$ 1,254 bilhão. O problema é que a taxa proposta, que deve ficar entre 104% e 104,5% da taxa interbancária (CDI), é considerada pouco atrativa para o atual momento de mercado, mesmo para empresas com baixo risco de crédito como a Petrobras, segundo fontes.
O J.P. Morgan encontra-se na oitava colocação no ranking de coordenação de emissões realizadas nos últimos 12 meses, de acordo com a Anbima. Neste ano, a instituição ainda não realizou nenhuma emissão. Além da operação com o J.P. Morgan, a Petrobras prepara uma captação de até R$ 4 bilhões em debêntures de infraestrutura, segundo fontes de mercado. Os papéis contam com isenção fiscal para investidores estrangeiros e pessoas físicas no Brasil.
O mercado de captações doméstico de um modo geral iniciou o ano em ritmo mais lento. De janeiro a abril, o volume de emissões de debêntures soma R$ 13,6 bilhões, uma queda de 42,9% em relação ao mesmo período do ano passado.
Fonte: Valor Econômico – Vinícius Pinheiro | De São Paulo