A esperança para a permanência no Rio Grande do Sul do contrato com a Petrobras para a produção de 24 módulos para uso em plataformas de petróleo, orçado em US$ 800 milhões, continua em uma associação esperada há quatro meses, até agora não confirmada e sem prazo para um desfecho. A solução aguardada é a entrada no negócio da empreiteira Andrade Gutierrez (AG), assumindo o compromisso da Iesa Óleo e Gás, empresa que atravessa uma grave crise financeira.
Depois de rápida passagem por Rio Grande, a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, se reuniu nesta terça-feira à tarde com o governador Tarso Genro para tratar do impasse do polo naval do Jacuí, em Charqueadas, onde hoje trabalham cerca de 1,2 mil operários. Graça, porém, saiu do encontro sem dar declaração. Coube ao secretário estadual do Desenvolvimento e Promoção do Investimento, Mauro Knijnik, dizer apenas que a expectativa é pela confirmação da parceria entre AG e Iesa.
— A Petrobras e a presidente Graça renovaram o apoio que têm dado para que o polo do Jacuí tenha continuidade. Agora cabe às empresas que estão negociando, AG e Iesa, acertarem os valores de troca ou venda entre eles — afirmou Knijnik.
Área atua com só um quarto da capacidade
Na tentativa de acelerar o acordo, Knijnik deve tentar acertar um encontro com a Andrade Gutierrez e a Iesa ainda nesta semana. A AG, que até agora não confirmava as tratativas, admitiu nesta terça em nota que “as negociações sobre a entrada da empresa no projeto do polo naval do Jacuí ainda estão em andamento, com a Petrobras e com a Iesa, mas ainda não há uma definição sobre o assunto”.
Em razão das dificuldades financeiras da Iesa, o polo do Jacuí opera atualmente com um quarto de sua capacidade. A Petrobras também pediu à Metasa, principal fornecedora da Iesa, que suspendesse a produção das estruturas dos módulos.
— Quatro módulos deveriam ter sido entregues na metade do ano. Mas foi produzido só um, que ainda foi condenado — disse o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Charqueadas, Jorge Silveira de Carvalho.
Entenda a crise
— A Iesa Óleo e Gás foi vítima da crise financeira do grupo controlador Inepar. O problema veio à tona em março.
— Para que as atividades fossem mantidas, a Petrobras criou uma espécie de conta vinculada para pagar funcionários e fornecedores da Iesa.
— A solução pensada foi buscar um sócio capitalizado que, na prática, assumisse o negócio, embora o contrato fosse mantido com a Iesa.
— Pressionada a aumentar a produção de petróleo de forma rápida, a Petrobras teria a opção de levar a encomenda para outro Estado ou país. A dúvida é se essa alternativa, com rompimento de contrato, não levará a uma demora ainda maior.
— Hoje, a Iesa tem cerca de 900 operários e, a Metasa, principal fornecedora da Iesa, outros 300.
— O polo tinha ainda a previsão, até agora não confirmada, da chegada de outras empresas, como UTC, Engecampo e Tomé Engenharia.