Brasil é autorizado a pesquisar e explorar o pré-sal da mineração

  • 24/07/2014

O Brasil recebeu, na terça-feira (23/7/2014), pela primeira vez, uma autorização da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (Isba, em inglês) para realizar pesquisa e exploração de minérios numa área no Atlântico Sul, localizada além das águas jurisdicionais do país. A região é vista por geólogos como um potencial “pré-sal da mineração”, tendo em vista sua capacidade exploratória, principalmente de cobalto, níquel, platina, manganês e tálio e telúrio, estes dois últimos da categoria terras-raras, mais valiosos. Contudo, a exploração econômica de jazidas no fundo do mar ainda é cara e seu retorno, incerto, como era o próprio pré-sal há alguns anos.

“A realidade da exploração efetiva da mineração de águas profundas é uma fronteira tecnológica. Não se sabe quando começaremos, mas as produções de minério no mundo são quase todas no continente. No ritmo em que isso ocorre, você vai ter de procurar minério em algum momento no único lugar que restar, que é o fundo do oceano”, disse Manoel Barreto, diretor-presidente do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), que enviou a proposta ao Isba.

Investimentos de US$ 11 milhões

Enquanto a atividade mineral não vira realidade, pedidos de registro servem literalmente para o país demarcar território. Além do Brasil, ganharam da Isba direito de explorar áreas internacionais Índia, Alemanha, Rússia, Reino Unido, Ilhas Cook e Cingapura. O pedido tinha sido feito no fim do ano passado pelo CPRM.

Com o aval do Isba, o Brasil poderá explorar uma área de três mil quilômetros quadrados — o maior tamanho possível de concessão — na Elevação do Rio Grande, a cerca de 1,5 mil quilômetro da costa brasileira. Segundo o Ministério de Relações Exteriores, o plano é pioneiro no Atlântico Sul e há a possibilidade de cooperação internacional. Na proposta enviada ao Isba, o Brasil se dispôs a investir US$ 11 milhões nos primeiros cinco anos da concessão, que tem duração de quinze anos.

“Temos a concessão para estudar o fundo do mar e podemos avaliar o ambiente, envolvendo água, minerais, seres vivos e não vivos. Não é só atividade de mineração que faremos, há biotecnologia a ser descoberta”. Segundo Barreto, o CPRM faz pesquisas também em região mais ao norte, além do arquipélago de São Pedro e São Paulo, para enviar outro pedido de exploração ao Isba. Antes da aprovação da área do Elevado do Rio Grande, o CPRM gastou cerca de R$ 60 milhões em pesquisas na região, desde 2009.

Cuidados e preservação

David Zee, professor da faculdade de oceanografia da UERJ, diz que a exploração do fundo do Atlântico Sul pelo governo tem de ser acompanhada de um cuidado com a preservação do ambiente marinho e com atenção extrema à biodiversidade:

“O Brasil tem de construir tecnologia para chegar até lá e ao mesmo tempo ter cuidados com a prevenção, para que isso seja feito de maneira que não existam efeitos colaterais negativos”. Ele lembra que o acidente no campo de petróleo de Macondo, no Golfo do México, resultou num vazamento que durou cerca de um ano e afetou muito a biodiversidade da região, porque não havia tecnologia disponível para evitar o desastre.

Fonte: O Globo – Danilo Fariello

 

Brasil recebe autorização para pesquisar recursos minerais no Atlântico Sul

23 de Julho de 2014

O governo brasileiro, por intermédio do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), recebeu autorização da Autoridade Internacional de Fundos Marinhos (Isba), entidade vinculada a ONU, para pesquisar e explorar recursos minerais em uma área no Atlântico Sul, chamada Elevação do Rio Grande, localizada em águas internacionais.  O Brasil terá 15 anos para pesquisar 150 blocos, cada com 20 quilômetros quadrados. Os blocos formam oito grupos, totalizando 3 mil quilômetros quadrados.

O Plano de Trabalho apresentado pela CPRM à Isba é para exploração de crostas ferromanganesíferas ricas em cobalto. Ele foi elaborado no âmbito do Programa de Prospecção e Exploração de Recursos Minerais da Área Internacional do Atlântico Sul e Equatorial (PROAREA). A escolha das crostas deveu-se a levantamentos preliminares realizados após diversas expedições que indicaram serem esses os depósitos de maior potencial.

O trabalho da CPRM permitirá ao Brasil aumentar seu conhecimento estratégico sobre recursos existentes em região próxima à plataforma continental brasileira por meio da coleta de dados ambientais, do estudo do potencial econômico desses recursos minerais, bem como do desenvolvimento de estudos oceanográficos e ambientais. Ampliando assim, a presença brasileira no Atlântico Sul.

A proposta de pesquisa é fortemente sustentada em parâmetros técnicos e ambientais, revelando a preocupação do país com o desenvolvimento sustentável. Inclui, ainda, o compromisso em oferecer oportunidades de treinamento em benefício de outros países em desenvolvimento, sobretudo, os membros da Zona de Paz e de Cooperação do Atlântico Sul.

Segundo o diretor presidente da CPRM, Manoel Barretto, a autorização da Isba é o resultado de mais de quatro anos de estudos e atividades da CPRM, que contou com a participação de mais de 60 e pesquisadores brasileiros de diferentes instituições, estudantes universitários, que reuniu diversas áreas de conhecimento, como geologia, biologia, geofísica  e oceonografia.

Nos últimos quatro anos foram investidos cerca de R$ 90 milhões em pesquisas no Atlântico Sul. Para este ano estão previstos mais R$ 20 milhões; com a aprovação do pedido brasileiro pela Isba, a CPRM vai investir em pesquisas na Elevação do Rio Grande, mais R$11 milhões nos próximos cinco anos.

Elevação de Rio Grande – província mineral offshore

Elevação do Rio Grande localizada em águas internacionais na projeção da costa do Rio Grande do Sul.

Elevação do Rio Grande localizada em águas internacionais na projeção da costa do Rio Grande do Sul.

Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), do  Ministério de Minas e Energia

23/10/2013

Ao contrário do que ficou subtendido na matéria ‘Brasil se prepara para entrar na mineração submarina’, publicada em O Globo, e republicada no Blog Luis Nassif, nesta manhã, o país realiza pesquisas avançadas na área de geologia marinha, conforme nota divulgada abaixo, a pedido da CPRM.

Pesquisas em geologia marinha estão muito avançadas*

A Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), empresa pública vinculada ao Ministério de Minas e Energia, desenvolve há cerca de três anos um dos mais ousados programas de pesquisa geológica marinha, tanto em área internacional do Atlântico Sul quanto em nossa plataforma continental jurídica.

Por meio desse programa, executado com recursos do PAC, foi realizada em 2011 a primeira expedição de um país da América do Sul a águas internacionais, objetivando o  levantamento de dados sobre a evolução geológica e o potencial mineral da região (no caso o Alto do Rio Grande, que se situa a mais de 1.500 km da costa brasileira). Este programa, vem sendo desenvolvido não só com a participação de pesquisadores da própria CPRM, mas também, de outras instituições de pesquisa brasileiras.

“Esses estudos, que realizaram levantamentos do assoalho oceânico e amostragem (dragagem), tem sido importantes para definir a estratégia brasileira, qual seja, requerer junto à ISBA (International Sea Bed Authority), órgão das Nações Unidas, permissão para realizar pesquisa mineral na região. Além do caráter estratégico, essa iniciativa brasileira traz em seu bojo a formação de recursos humanos e o desenvolvimento tecnológico”, informa Roberto Ventura, diretor de Geologia e Recursos Minerais da CPRM.

Além do Alto do Rio Grande, a CPRM  tem realizado também estudos na dorsal oceânica ao Norte do Arquipélago São Pedro-São Paulo. No  Alto do Rio Grande já foram realizadas sete expedições, cujo objetivo é levantar dados sobre a geologia e o potencial mineral da área para crostas de ferro, manganês e cobalto. Na região da Dorsal Oceânica, foram realizadas duas expedições e será realizada mais uma agora em novembro. Nesta área o potencial mineral é para mineralizações sulfetadas (Cu, Ni, Zn etc)..

“A área internacional do Atlântico Sul em sido alvo de pesquisas e estudos por parte de outros países, como Rússia, França, Korea e China, tendo os dois primeiros já requerido autorização para pesquisa mineral na região junto à ISBA”, enfatiza Ventura.

*Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – CPRM – Ministério de Minas e Energia
Fonte: Jornal CGN – Luis Nassif Online

Brasil se prepara para entrar na mineração submarina

24/2/2013

Acordo entre governo, Vale e Petrobras prevê compra de novo navio de pesquisas oceânica

O Brasil se prepara para entrar no promissor campo da mineração submarina. O Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Petrobras, a Marinha e a Vale assinaram acordo de cooperação para aquisição de um navio de pesquisas oceanográficas no valor de R$ 162 milhões. A embarcação, considerada uma das mais modernas do tipo no mundo, está em construção em um estaleiro de Cingapura e permitirá o levantamento de informações detalhadas sobre os recursos minerais e biológicos da chamada Amazônia Azul, a zona econômica exclusiva do mar territorial brasileiro que cobre 3,6 milhões de quilômetros quadrados.

Nos últimos anos, tem crescido o interesse de países e empresas ao redor do mundo nos vastos depósitos de metais preciosos e outros minérios no leito dos oceanos. Graças a avanços nos conhecimentos sobre a geologia marinha, centenas de veios de ouro, prata, cobre, cobalto, chumbo e zinco avaliados em trilhões de dólares já foram identificados no fundo do mar.

— A aquisição desse navio vai oferecer instrumentos para a mais detalhada análise do potencial da costa atlântica do país em relação aos recursos minerais — destacou Murilo Ferreira, presidente da Vale, na cerimônia de assinatura do acordo. — Este trabalho em parceria com o MCTI, Marinha e Petrobras permite compartilhar custos, riscos e estabelecer uma ação estratégica para todos os envolvidos.

Segundo a coordenadora-geral para Mar e Antártica do ministério, Janice Trotte, atualmente os pesquisadores brasileiros precisam atuar em navios estrangeiros no Atlântico Sul pela falta de uma plataforma de pesquisa adequada e a nova embarcação vai permitir que o país faça explorações mais aprofundadas do leito oceânico em busca de metais e materiais preciosos.

— Nos mantínhamos em um patamar atrás por não dispor de uma plataforma de infraestrutura embarcada para chegar a esse tipo de exploração — contou. — Já temos conhecimento de rochas cobaltíferas e fosforitas e diversos outros recursos minerais muito valorizados no mercado internacional. Temos esta fronteira a desbravar, jamais desenvolvida em nosso país.

Hoje, o Brasil conta com apenas dois navios para pesquisas oceanográficas de longo alcance: o Cruzeiro do Sul, vinculado à Marinha; e o Alpha Crucis, da USP. A nova embarcação de 78 metros de comprimento poderá acomodar 146 pessoas, sendo de 40 a 60 pesquisadores, terá três laboratórios e um robô com capacidade de coletar amostras no leito oceânico a até cinco mil metros de profundidade. Seu custo será dividido entre o MCTI e a Marinha (R$ 27 milhões cada), Vale (R$ 38 milhões) e Petrobras (R$ 70 milhões).

Fonte: O Globo – Clarice Spitz
24/07/2014|Seção: Notícias da Semana|Tags: , , , , |