É carioca da Ilha do Fundão, no Rio de Janeiro, uma das soluções tecnológicas a que a Petrobras atribui parte do sucesso obtido com a produção de petróleo no pré-sal. Trata-se de uma boia gigante que permitiu à estatal instalar de forma segura os tubos que levam o petróleo da saída do poço, no fundo do mar, às plataformas, na superfície da água.
Na bacia de Santos, a movimentação do mar é mais intensa, o que traz ainda mais dificuldade para instalar e manter os tubos em segurança e estabilidade. Esta situação tornou-se um problema de fato para a Petrobras entre 2010 e 2012, quando a empresa precisava planejar e preparar a conexão dos poços na região, que guarda as melhores reservas do pré-sal.
Os tubos flexíveis, que seriam mais adequados às correntes do mar e que a empresa já utiliza, não poderiam ser adaptados e aprovados dentro do prazo necessário. Os tubos rígidos, “risers”, em inglês, mais resistentes, acabariam se rompendo com o balanço das plataformas.
Antigo recurso
Os técnicos tomaram a decisão, então, de avaliar um recurso que já estava sendo estudado no Cenpes (Centro de Pesquisa da Petrobras, no Fundão).
A BSR (boia de sustentação de ‘risers’) era uma alternativa criada em 2004 para impedir a transferência dos movimentos das plataformas para os equipamentos submarinos. Com um investimento de R$ 56,8 milhões, a tecnologia foi adaptada para a extração no pré-sal.
Na verdade, a boia não flutua na superfície do mar: em uma região na qual o espelho d’água tem 2.000 metros, a BSR é presa a 250 metros de profundidade. Do poço até a boia, a Petrobras utiliza tubos rígidos. Da boia até a plataforma, usa tubos flexíveis. E assim o sistema de transporte de petróleo torna-se estável e protegido das correntes marítimas.
A boia permite que a Petrobras comece a instalar os equipamentos submarinos antes de as plataformas – estruturas gigantes que levam em média três anos para ser construídas – chegarem à área de produção.
Nova produção
Para a empresa, esse sistema tornou possível que a produção na bacia de Santos tivesse início apenas oito anos depois de ter sido encontrado o primeiro óleo no pré-sal da região. Trata-se, de acordo com a Petrobras, de um prazo pequeno para fazer uma nova fronteira produzir óleo.
Além de tornar viável o transporte de petróleo do pré-sal para a plataforma, as boias, segundo a Petrobras, permitiram aumentar em 19 mil barris a produção em Sapinhoá e Lula Nordeste, locais onde estão instaladas —duas em cada campo. A Petrobras atingiu a produção de 546 mil barris de petróleo por dia no pré-sal. Dessa fronteira a empresa extrai hoje 20% de sua produção de óleo. A boia tem dez metros de altura em sua parte mais alta, 39,7 metros de largura e 51,8 metros de comprimento. Se fosse colocada sobre metade de um campo de futebol, ela cobriria quase 60% dessa área.
Fonte: Folha de São Paulo/SAMANTHA LIMA DO RIO