No último dia 19, a Fundação Getulio Vargas e o Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (SINAVAL) assinaram na sede da FGV, no Rio, contrato que irá permitir o desenvolvimento de índices econômicos mensais para a indústria da Construção Naval do País. O trabalho de pesquisa e cálculo de preços dos principais componentes da cadeia de construção de navios, realizado pela Superintendência de Clientes Institucionais (SCI) do Instituto Brasileiro de Economia (IBRE), se traduz como a retomada de uma parceria antiga entre a FGV e o SINAVAL, já que no começo dos anos 1990 o Sindicato havia contratado o Instituto para realizar o levantamento. “O fator preponderante para a necessidade de retomada desse trabalho foi a defasagem entre os valores considerados na ocasião da contratação da construção de embarcações e outros produtos pelos estaleiros e os valores dos mesmos itens após decorrido um determinado tempo desde a data da assinatura”, explica Sérgio Leal, secretário-executivo do SINAVAL.
Na prática, os resultados do trabalho irão auxiliar o SINAVAL a acompanhar a inflação do setor e, assim, contribuir para o gerenciamento — com menores riscos — dos contratos de seus clientes, já que permite um reajuste mais eficaz nos preços dos itens e serviços de fabricação naval, entre eles equipamentos, peças e mão de obra. “Tomemos como exemplo o caso da Transpetro querer contratá-los para a construção de navios. Eles já possuem índices que medem a variação de preços de mão de obra e demais itens. Com isso, o SINAVAL pode montar uma fórmula paramétrica para determinado contrato que é bem mais especifica para o setor do que os indicadores já existentes e de conhecimento público”, explica Sandra Castanheira, da área de serviços customizados da Superintendência Adjunta de Clientes (SACLI), no âmbito da SCI, e uma das responsáveis pelo contrato. “Os índices serão muito importantes para a apuração mensal da evolução dos diversos custos da indústria naval, constituindo-se em um elemento confiável e seguro para fundamentar as discussões dos estaleiros com seus clientes com vistas à recomposição dos valores contratuais por meio do reajuste de preços, numa conjuntura em que os efeitos da inflação não podem ser desconsiderados e tendo em conta que os contratos dessa indústria são para construção de bens de capital de longo tempo de produção”, complementa Leal.
Segundo Sandra, os primeiros sete meses serão de desenvolvimento e viabilidade do trabalho, seguidos pelos 29 meses de cálculo com periodicidade mensal. “Dentro do setor nós levantamos os custos de fabricação de navios. Conversamos com cada estaleiro associado do SINAVAL e levantamos os custos representativos, ou seja, aqueles 20% dos itens que representam 80% dos gastos, e depois fazemos uma média disso. A partir daí, montamos o que chamamos de estrutura de ponderação, de peso. Só depois começamos a pesquisar os preços dos itens e serviços no mercado, como o aço, por exemplo”, destaca Sandra. “Ressaltamos que a escolha da FGV para a elaboração deste conjunto de indicadores foi muito feliz por conta do renome e da competência dessa instituição, reconhecida internacionalmente por sua atuação no acompanhamento dos preços e na análise da conjuntura brasileira ao longo de décadas de trabalho de alta qualidade”, conclui Leal.
A reunião para a assinatura do contrato contou com o presidente da FGV, Carlos Ivan Simonsen Leal; o assessor da presidência da FGV, Prof. Irapoan Cavalcanti; o diretor do IBRE, Luiz Guilherme Schymura; o superintendente da SCI, Rodrigo de Moura; a economista do IBRE, Sandra Castanheira; o presidente e o vice-presidente do SINAVAL, Ariovaldo Rocha e Paulo Haddad, respectivamente; o assessor da presidência do SINAVAL, Fernando Tourinho; e o secretário-executivo do SINAVAL, Sergio Leal.