A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, destacou ontem a importância da evolução da indústria fornecedora da cadeia de óleo e gás do país para o cumprimento da meta de produção da companhia, que prevê atingir os 4,2 milhões de barris diários de petróleo em 2020. A executiva também reforçou que a empresa depende das petroleiras parcerias para desenvolver suas reservas, que segundo ela, totalizam 40,4 bilhões de barris em volumes provados potencialmente recuperáveis.
“Nosso progresso está intimamente ligado ao desempenho da indústria do Brasil, dentro da política de conteúdo local”, afirmou Graça Foster, em seu discurso no encerramento da Rio Oil & Gas, evento petrolífero que aconteceu esta semana no Rio de Janeiro. “A Petrobras precisa dos parceiros. A Petrobras não se enxerga trabalhando isoladamente”, completou a executiva.
De acordo com Graça, as petroleiras parceiras da companhia devem investir aproximadamente US$ 45 bilhões, em projetos em conjunto com a estatal, entre 2014 e 2018.
Com relação aos estaleiros, a executiva mencionou que o tempo médio de construção de plataformas flutuantes de produção e armazenamento de óleo e gás (FPSO, na sigla em inglês), no Brasil, caiu de 60 meses, entre 2005 e 2006, para 42 meses nos últimos anos.
De acordo com Graça, o prazo médio de construção de FPSOs no Brasil está próximo da média de referência mundial, de 39 meses. Esse dado, segundo a executiva, mostra que é possível “fazer muita coisa” no país.
Graça adiantou que a produção de petróleo da companhia em setembro “está indo bastante bem” e afirmou, ainda, que a curva de produção estipulada pela companhia “tem reais probabilidades de se materializar”. Para este ano, a empresa traçou como meta um crescimento de 7,5% na produção.
A companhia, segundo Graça, vai iniciar, na segunda-feira, a perfuração do próximo poço exploratório do campo de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos. “Estamos na perfuração do primeiro poço no âmbito do consórcio, porque o poço descobridor foi perfurado pela Petrobras. Já estamos perfurando a camada de sal”, disse a executiva.
A presidente também contou que o contrato para o afretamento do FPSO que realizará o teste de longa duração (TLD) do campo de Libra será assinado até o fim do mês. O TLD está previsto para começar no fim de 2016.
A executiva também cobrou previsibilidade do governo para a realização dos leilões de áreas exploratórias, para que o país alcance a média de produção de petróleo de 5,2 milhões de barris/dia entre 2020 e 2030. “Os leilões precisam de ritmo”, disse.
Graça, no entanto, corroborou a opinião do secretário de Petróleo, Gás Natural e Combustíveis Renováveis do Ministério de Minas e Energia, Marco Antonio de Almeida. No dia anterior, o secretário descartou a criação de um calendário de longo prazo com novas rodadas de licitações.
A executiva, que deixou o evento sem conceder entrevista, encerrou sua apresentação agradecendo os funcionários da estatal. “São essas pessoas [funcionários da Petrobras] que nos suportam. A elas todo o meu agradecimento”, afirmou a presidente, enquanto exibia um slide com a frase “somos 82.500 pessoas. Somos 82.500 funcionários”.
A Petrobras é alvo de denúncias de um suposto esquema de corrupção feitas pelo ex-diretor de abastecimento da empresa Paulo Roberto Costa, em depoimento à Polícia Federal. Segundo as denúncias do ex-diretor, o esquema teria o envolvimento de funcionários da estatal.
Apesar do clima de incertezas durante a feira, a Rio Oil & Gas fechou com boas perspectivas de negócios. Promovida pela Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a tradicional Rodada de Negócios gerou uma expectativa recorde de negócios de R$ 164 milhões para os próximos 12 meses. Ao todo, 37 empresas âncora se reuniram com 176 fornecedores inscritos.
Fonte: Valor Econômico – Rodrigo Polito e André Ramalho, Rio de Janeiro