A Petrobras é a empresa que opera o maior número de plataformas flutuantes de produção (entre próprias e afretadas) no mundo, segundo a consultoria Petrodata, especializada em informações sobre a indústria mundial de petróleo. De acordo com os últimos dados da companhia, em dezembro de 2014 ela operava 110 unidades de produção offshore na costa brasileira. Desse total, 45 são plataformas flutuantes – das quais 29 do tipo FPSO (unidade que produz, armazena e transfere petróleo), 15 semissubmersíveis, e uma unidade de produção que difere dos FPSOs por não armazenar petróleo: a P-53. Além dessas 45 flutuantes, a companhia opera, ainda, quatro plataformas do tipo FSO, que apenas armazenam e transferem petróleo.
A produção operada pela Petrobras em plataformas flutuantes na costa brasileira em dezembro de 2014 atingiu a média de 2 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) – o que corresponde a 88% do volume total de óleo produzido no país – e 51 milhões de m³ de gás por dia, que representam 57% da produção de gás nacional. Esses volumes não incluem a parcela da Petrobras produzida pelos FPSOs Frade e Fluminense, instalados nos campos de Frade e Bijupirá-Salema, na Bacia de Campos, cujos operadores são, respectivamente, a Chevron e a Shell, com participação minoritária da Petrobras.
Primeiros sistemas offshore
Com a descoberta das jazidas de petróleo em águas rasas, na plataforma continental, nos anos 1960, as primeiras unidades de produção instaladas pela empresa no mar foram as plataformas fixas, cravadas no leito marinho, primeiro no Nordeste brasileiro e posteriormente na costa do Sudeste. Com o avanço da exploração para águas profundas, na Bacia de Campos, na primeira metade dos anos 80, a alternativa da empresa para colocar em produção os novos campos foram as plataformas semissubmersíveis e os FPSOs.
Uma das maiores vantagens dos FPSOs é que eles dispensam a instalação de infraestrutura de escoamento de óleo, já que são equipados com sistemas de armazenagem e a transferência do petróleo produzido para a costa é feita por navios aliviadores. Além disso, como podem ser construídos a partir da conversão de um casco de navio preexistente, permitem que se ponha um campo em produção mais rapidamente, antecipando receita.
Pioneirismo dos FPSOs
O avanço da exploração para águas profundas, em plena crise do petróleo, exigia uma solução rápida e economicamente viável para colocar em produção os campos como Marlim e Albacora, os primeiros localizados a profundidades superiores a 500 metros. Nesse horizonte de profundidade era tecnicamente inviável instalar plataformas fixas, cravadas no leito marinho. Assim, em meio a uma crise aguda de oferta de petróleo, que exigia que os campos recém-descobertos fossem colocados rapidamente em produção, a solução foi converter navios petroleiros de grande porte, com a instalação de módulos de processamento no convés, transformando-os em unidades de produção.
Com experiência de mais de 30 anos na utilização desse tipo de plataforma, a Petrobras é, também, a empresa que opera o maior número de FPSOs no mundo. A experiência pioneira nesse campo foi a conversão de um petroleiro em um navio-plataforma, em 1977. Foi a solução encontrada para antecipar a produção do campo de Garoupa, em águas rasas, na Bacia de Campos, com a conversão do petroleiro Presidente Prudente de Moraes. O resultado foi uma significativa economia de tempo e de recursos. Foi, também, a primeira vez que a Petrobras utilizou o conceito de FPSO, adaptado ao cenário de águas profundas brasileiro.
Com os bons resultados da experiência, a companhia passaria a investir cada vez mais na conversão de navios petroleiros existentes em sistemas definitivos de produção. Os novos navios-plataforma eram a melhor estratégia para uma empresa cuja maior parte da produção passaria a ser em águas profundas e ultraprofundas. Hoje, quase todo petróleo produzido pela empresa (cerca de 90%) vem do mar, tanto em águas rasas quanto profundas e ultraprofundas, pelos diversos tipos de unidades de produção.
Tecnologias inovadoras
Apoiada numa vasta rede de inovação integrada por instituições de pesquisas de todo o país a Petrobras daria, então, uma sólida contribuição tecnológica para as modernas plataformas. O desenvolvimento de tecnologias inovadoras pelo seu Centro de Pesquisas (Cenpes) consagraria os FPSOs como uma das soluções mais adequadas para campos distantes da costa e em águas profundas e ultraprofundas. Soluções inovadoras, como os cabos de poliéster e a âncora-torpedo, concebidos por técnicos brasileiros, aperfeiçoaram os sistemas de ancoragem e viabilizaram melhor distribuição dos sistemas submarinos, assim como a instalação de maior número de plataformas numa mesma área.
Com a descoberta dos campos do pré-sal, na Bacia de Santos, nos anos 2000, localizados a mais de 250 quilômetros da costa e em profundidades d’água acima de 2 mil metros, os FPSOs representam naturalmente a melhor solução técnico-econômica. Essa província já concentra, atualmente, sete FPSOs, incluindo duas unidades que operam os Testes de Longa Duração (TLDs).
Fonte: Portos e Navios