Os problemas financeiros do Estaleiro Atlântico Sul forçaram o grupo japonês IHI Corporation a informar a seus investidores que pode perder cerca de R$ 730 milhões com o negócio. A empresa divide o controle do estaleiro, instalado em Pernambuco, com as empreiteiras Camargo Corrêa e Queiroz Galvão.
O valor foi registrado no balanço da companhia, divulgado na sexta-feira (8). Do total informado, R$ 487 milhões referem-se às garantias dadas pelos japoneses a empréstimos contraídos pelo Estaleiro Atlântico Sul. Na prática, a IHI avalia que há hoje uma boa chance de o estaleiro ficar inadimplente e os credores exercerem essas garantias. Se isso ocorrer, o grupo japonês terá de cobrir o calote.
A IHI incluiu ainda no cálculo uma redução de R$ 190 milhões no valor do investimento e R$ 53 milhões referentes a possíveis prejuízos com projetos relacionados ao Atlântico Sul.
Reestruturação
Com dívida de aproximadamente R$ 3 bilhões –metade dela com bancos–, o estaleiro possui apenas cerca de R$ 200 milhões em caixa, como mostrou a Folha. Diante disso, a empresa vem estudando formas de escapar da recuperação judicial. Os sócios avaliam, por exemplo, aplicar R$ 100 milhões em caráter emergencial enquanto o estaleiro tenta um acordo com a Sete Brasil.
Segundo a IHI, a situação financeira do empreendimento se complicou diante da rápida deterioração da economia brasileira e dos efeitos da Operação Lava Jato no setor de petróleo e gás. Principal cliente do Atlântico Sul, a Sete Brasil interrompeu pagamentos em novembro. A empresa, responsável por fornecer sondas à Petrobras, ficou sem crédito desde que foi citada nas investigações da Lava Jato.
“Em face dessas perdas, IHI vem cuidadosamente considerando todas as suas opções, incluindo a possibilidade de reestruturar o EAS. De forma mais ampla, diante das circunstâncias que afetam o ambiente de negócios do Brasil, IHI vem analisando cautelosamente sua estratégia para o negócio de exploração offshore no Brasil”, afirmou a companhia em relatório divulgado aos investidores no dia 28 de abril.
Fonte: Valor Econômico – Renata Agostini