A angústia que ronda o polo naval do sul do Estado, após a Engevix ameaçar demitir 7 mil trabalhadores caso não receba parcela de R$ 63 milhões de financiamento do Fundo da Marinha Mercante, retido desde o final do ano passado pela Caixa, foi amenizada na sexta-feira. Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande, a Petrobras informou à entidade que, na segunda-feira, repassará recursos para que sejam pagos, no dia seguinte, valores atrasados pela empreiteira a empresas terceirizadas e seus cerca de 2,5 mil funcionários.
Envolvida na Lava-Jato, a Engevix é dona de 70% da Ecovix, que opera os estaleiros Rio Grande 1 e 2, onde são feitos cascos de plataformas para a Petrobras e navios-sonda. Com dinheiro escasso para honrar compromissos, a empresa pressiona para que o financiamento seja liberado. Em meio à profusão de informações desencontradas, também surge a possibilidade de a Petrobras adotar uma fórmula já usada com os trabalhadores da Iesa, em Charqueadas. Por meio de uma conta vinculada, a estatal assumiria a partir do próximo mês os pagamentos, sem que o dinheiro passe pela Ecovix, diz Sadi Machado, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande.
A Caixa alega que os repasses estão retidos porque algumas exigências contratuais para a liberação do recurso não teriam sido cumpridas. Procurada, a Engevix informou que as negociações com o banco prosseguem, após uma reunião sem definições na quinta-feira. Devido à falta de pagamento, algumas empresas também deixaram de prestar serviços para a Ecovix na última semana.
Prefeito buscará apoio em Brasília
Na mobilização por tentar uma saída para o impasse, o prefeito de Rio Grande, Alexandre Lindenmeyer (PT), vai a Brasília na terça-feira para uma audiência com o ministro Miguel Rossetto, da Secretaria-Geral da Presidência da República, e ainda tenta marcar um encontro com a presidente da Caixa, Miriam Belchior. Lindenmeyer diz que os recursos deveriam ser liberados porque os serviços vinculados à verba já foram realizados.
– Sem esse fluxo financeiro, eles não pagam fornecedores, prestadores de serviços, e se cria um efeito cascata – lembra o prefeito da cidade.
Financeiramente debilitada após a eclosão da Operação Lava-Jato, a Engevix tenta evitar a recuperação judicial. Atrás de dinheiro, já vendeu a participação que tinha nos aeroportos de Brasília e São Gonçalo do Amarante (RN) e a Desenvix, seu braço de energia. A própria Ecovix também está à venda.