A Ecovix (RS) possui, pelo menos, R$ 90 milhões de inadimplência com seus fornecedores referente à construção de oito cascos para unidades flutuantes de armazenamento e transferência de óleo (FPSO, na sigla em inglês). De acordo com números apurados pela Câmara Setorial de Equipamentos Navais e de Offshore da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (CSEN/Abimaq), existem R$ 40 milhões de inadimplência com 30 empresas que já entregaram produtos, além de R$ 50 milhões para 30 empresas com produtos fabricados customizados ao projeto FPSO e não entregues.
A situação do estaleiro Rio Grande está sendo tratada na sala de crise criada pela CSEN/Abimaq para tentar ajudar seus associados a receber os valores contratados. O tema foi discutido no último dia 9 de junho em reunião no próprio estaleiro, que contou com a presença de representantes da Ecovix, da Federação das Indústrias do
Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), da Abimaq e empresas associadas. A Ecovix solicitou prazo de, pelo menos, 15 dias, para nova atualização do processo. A Fiergs foi destacada para acompanhar os desdobramentos. Caso não ocorra a solução nesse prazo, os fornecedores podem acionar a Ecovix na justiça.
A Fiergs informou que, desde a primeira reunião realizada no dia 1º de abril de 2015, o quadro ainda não caminhava para solução. Um representante da federação alertou ainda que a imprensa apontava para desconfianças quanto a uma solução porque haveria um impasse entre a Ecovix e a Petrobras para a viabilização de uma conta vinculada entre as duas empresas, face a um aditivo que estaria sendo cobrado ao contrato inicial. O objetivo é que, depois de firmado o acordo da conta vinculada entre Ecovix e Petrobras, seja imediatamente convidado cada fornecedor com material entregue e não recebido para realizar uma negociação de passivo e entrega de novos produtos, com a participação dos administradores da conta vinculada.
Durante a reunião da semana passada, a Ecovix esclareceu que não existia nenhum aditivo e que o acordo caminhava a ser firmado até o final da primeira quinzena de junho. A empresa informou ainda que o valor negociado com a Petrobras foi para terminar quatro cascos (P-66, P-67, P-68 e 69) e parte da P-70, além do passivo dos fornecedores. A Ecovix informou na ocasião que, para os demais cascos, conseguiria prosseguir sem a conta vinculada.
A Ecovix acredita que essa estratégia da conta vinculada é suficiente para dar condição de a empresa voltar a produzir e se estabilizar. A empresa alegou que acredita no crescimento face às demandas futuras por FPSO e às características de dique e planta planejada para esse tipo de embarcação. Durante a reunião, a Ecovix também ressaltou que, para esse quadro acontecer, a política de conteúdo local não pode ser modificada. A empresa destacou que a produtividade do estaleiro bate recorde mensalmente.
Questionada durante a reunião, a Ecovix admitiu a possibilidade de redução de apenas um casco em relação ao inicialmente previsto, mas que isso ainda estava sendo negociado e não havia nada confirmado. A Abimaq e Fiergs solicitaram que a Ecovix apresente algum registro que evidencie essa negociação da conta vinculada com a Petrobras que possa confirmar as condições registradas na reunião. A Ecovix informou no encontro que ainda não existe nenhuma definição se ocorrerá transferência de algum casco ou barco para outro estaleiro.