A Petrobras mudou a data da reunião do conselho de administração, que será no dia 26 de junho, mas está mantida a previsão de apresentar o novo Plano de Negócios. A data anterior era o dia 23. Alguns analistas esperam que o novo plano da estatal reduza a meta de produção para cerca de 3 milhões de barris de petróleo por dia em 2020.
A empresa já desistiu das refinarias do Maranhão e do Ceará, e fez baixas contábeis de R$ 2,111 bilhões na Premium I (MA) e de R$ 596 milhões na Premium II (CE) no balanço do terceiro trimestre de 2014. O plano para 2015-2019 é um dos mais aguardados pelos investidores. O mercado trabalha com projeções de investimento anual em torno de US$ 25 bilhões a US$ 29 bilhões nos próximos anos.
Fonte ouvida pelo Valor espera saber quanto a Petrobras vai conseguir vender de ativos e quão agressivas as “majors” vão querer entrar no pré-sal. O muito aguardado plano de desinvestimentos ajudará a reduzir a alavancagem.
Um analista de um grande banco diz não ver como a estatal vai reduzir sua dívida, que está próxima de R$ 440 bilhões. Além do tamanho do valor, o que preocupa é o fluxo de caixa de 2015. A geração de caixa operacional é estimada em US$ 25 bilhões, enquanto só com juros, amortizações e outros a companhia vai pagar US$ 21 bilhões. Restarão US$ 4 bilhões do dinheiro gerado pelo negócio para bancar os US$ 29 bilhões de investimentos, o que será coberto por captações.
A expectativa é que a Petrobras anuncie uma redução dos investimentos – o plano anterior previa US$ 208 bilhões – junto com uma meta mais realista de aumento da produção até 2020.
Para 2015 a estatal promete a entrada em operação de mais uma plataforma, a Cidade de Itaguaí, que terá capacidade de produzir 150 mil barris por dia quando estiver com todos os poços conectados. Não está claro ainda que projetos serão cancelados.
“Não vejo como ela vai conseguir desalavancar. Só se o petróleo subir acima de US$ 80 o barril, o que significaria dar um aumento de 20% em cada combustível se eles seguissem paridade de preços. Aí sim a equação muda”, afirma. Ontem, o barril do Brent fechou cotado a US$ 65,70.
Petrobras pode reduzir meta de produção no novo plano
Existem dúvidas quanto aos prazos e condições serão concluídas as obras do Comperj, no Rio, e nem sobre o segundo trem da refinaria de Pernambuco. Outro ponto relevante são as mudanças esperadas na estrutura de custos da Petrobras “Todos sabemos que existe um potencial de corte de custos na estrutura da Petrobras, mas é difícil quantificar”, diz a fonte, que não viu redução efetiva nos programas implementados na gestão passada.
O plano atual prevê chegar ao fim da década produzindo 4,2 milhões de barris de barris de petróleo. Mas a meta foi feita antes dos problemas enfrentados pela cadeia de fornecedores, grande parte deles implicada no escândalo de corrupção descoberto pela Operação Lava-Jato.