Prevista para esta sexta-feira, paralisação de 24h é descrita pela categoria como um alerta para uma mobilização maior, por tempo indeterminado, em protesto contra cortes de investimentos e mudanças no pré-sal; sindicalista prevê ‘atos radicais’
A paralisação por 24 horas dos trabalhadores da Petrobras, para protestar contra as vendas de ativos da companhia, contará com a adesão de pelo menos 24 plataformas de produção, dizem sindicalistas. Também devem parar unidades operacionais, como refinarias, terminais de gás e unidades de fertilizantes, o que pode prejudicar a companhia. A paralisação é descrita pela categoria como um alerta para uma mobilização maior, por tempo indeterminado, contra os cortes de investimentos e propostas de mudanças no marco regulatório do pré-sal. “Amanhã [sexta-feira] teremos surpresas e até atos radicais”, sinalizou o sindicalista Deyvid Bacelar, representante dos trabalhadores no conselho de administração da Petrobras.
De acordo com levantamento do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro) do Norte Fluminense, no Rio, 24 unidades de produção confirmaram em assembleia a adesão ao movimento e vão paralisar as atividades a partir da 0h desta sexta-feira. A previsão é que as unidades onde há adesão dos trabalhadores, a operação seja entregue às equipes de contingência, formadas por terceirizados e integrantes de áreas administrativas. “Há um risco nessas operações, pois as equipes são subdimensionadas e despreparadas. A indicação é para os trabalhadores mudarem a ambiência das unidades para protestar contra a venda de ativos”, avalia José Maria Rangel, diretor da Federação Única dos Petroleiros (FUP), entidade que lidera a mobilização.
Há ainda outras 25 unidades em produção que não informaram os resultados de suas assembleias e quatro que não aderiram ao movimento. Em todas as sedes operacionais da companhia, e também em unidades administrativas, estão previstos piquetes, discursos, atrasos na entrada dos turnos e outros atos nas unidades, que contarão com adesão de trabalhadores da construção civil e de metalúrgicos, afetado pelas demissões e pelo corte nos investimentos no setor.
O conselheiro Deyvid Bacelar ressaltou que a greve é uma sinalização ao comando da companhia sobre o descontentamento dos trabalhadores com as diretrizes da empresa. “Há uma movimentação forte, a categoria está mobilizada para dar sinalizações à companhia e ao conselho de administração sobre a pauta política, contra os desinvestimentos. Quanto ao que vai ocorrer, cada base vai definir, é surpresa”, indicou Bacelar, que é filiado ao PT e ligado à Federação Única dos Petroleiros (FUP). “Haverá surpresas em todo o País, até mesmo atos radicais em alguns locais. É tudo ou nada”.
Segundo Bacelar, o objetivo é pressionar a companhia e o governo para uma mudança de rumo, em um momento de instabilidade política e disputa com a oposição. “O governo mais frágil está em disputa o tempo todo pelas forças políticas. Agora, aliados mais conservadores têm se fortalecido. A greve, pelo contrário, sinaliza às elites que esse processo pode ser parado e revertido”, ponderou.
A possibilidade de greve por tempo indeterminado é de “quase 100%”, segundo Rangel. Para ele, o movimento pode “chamar a atenção do governo para o diálogo com os movimentos sociais, para olhar a pauta dos trabalhadores”. Para o sindicalista, a saída para a crise econômica no País é a retomada de investimentos por meio da Petrobras, empresa que representa os maiores investimentos diretos no País.
“Não podemos ver a Petrobras vender ativos, cortar investimentos ou não se posicionar diante do projeto que tira seu direito sobre as áreas do pré-sal. Isso (o pré-sal) a coloca entre as mais importantes do mundo, regulando o ritmo de produção no futuro. A categoria entendeu o momento delicado que estamos e a importância de lutar pela retomada dos investimentos. Esperamos uma greve vigorosa e, hoje, a possibilidade de greve por tempo indeterminado é real “, completou Rangel.