Faltam lideranças no governo para resolver problemas do setor avalia ABENAV

  • 12/08/2015

A Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore (Abenav) avalia que faltam articuladores no governo para tentar solucionar de forma consistente as reivindicações do setor naval. O presidente da Abenav, Sérgio Bacci, afirmou que, apesar do diálogo com os ministérios, existe preocupação de alguns agentes públicos em tomar decisões e assinar documentos, o que reflete em dificuldade na obtenção de recursos para construção naval e cadeia de fornecedores, além de aumento do desemprego.

Ele narrou a dificuldade dos estaleiros conseguirem novas encomendas e alertou para o risco de mais estaleiros fecharem suas portas nos próximos meses, a exemplo do que aconteceu recentemente com o Mauá (RJ). “A capacidade é crescente, mas se não houver demanda até 2020 voltaremos a ser o que éramos em 2000”, alertou nesta terça-feira (11), durante a 12ª edição da Marintec South America —Navalshore, no Rio de Janeiro.

O gerente executivo do Estaleiro Brasa (RJ), Ivan Fonseca, contou que após a entrega da FPSO Cidade de Maricá, a unidade reduziu seu quadro em 700 empregados. Em novembro, com a entrega da FPSO Cidade de Saquarema, outros 700 trabalhadores devem ser dispensados do Brasa. Fonseca disse ainda que, caso o estaleiro não consiga novas encomendas até o primeiro trimestre de 2016, há risco de o Brasa ser mais um estaleiro a fechar suas portas.

O vice-presidente do estaleiro Mac Laren (RJ), Maurício Almeida, lamentou a perda de encomendas da indústria naval e offshore para estaleiros asiáticos. Ele ressaltou que custo de construir no Brasil é mais caro que no exterior por causa da alta carga de impostos, o que precisa ser discutido. “O setor está parado. Mas podemos ajudar a economia do país com o mercado offshore”, ponderou.

Na ocasião, o professor de engenharia oceânica da Coppe/UFRJ, Floriano Pires, acrescentou a urgência de o setor viabilizar saídas de curto prazo para problemas como má gestão, baixa produtividade e falta de qualificação da mão de obra. Ele também enfatizou a necessidade de serem discutidos os resultados das políticas vigentes e as tentativas de melhorar o desempenho da construção. “A gestão de processos está ruim como há 30 anos. Estamos à beira de uma crise muito grave”, apontou.

Fonte: Portos e Navios – Danilo Oliveira

 

12/08/2015|Seção: Notícias da Semana|Tags: , |