O chefe de gabinete do presidente da Petrobras, Armando Toledo, afirmou ontem, nesta quarta-feira (12), que está mantida a projeção de investimento de R$ 400 bilhões pela empresa nos próximos quatros anos. “É mais do que a soma de investimentos de todos os estados do País”, destacou, em fórum permanente de debates da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados. O fórum, composto de trabalhadores, empresários e integrantes do governo, busca construir alternativas aos impactos negativos da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, na atividade econômica nacional.
“Mesmo de forma enxugada, a Petrobras vai investir muito dinheiro, que vai ser distribuído de forma correta, sem superfaturamento, propina; o dinheiro vai ser aplicado nas finalidades e isso gera um resultado fantástico”, disse Toledo. Segundo ele, corrigir os motivos que causaram a “desgraça” na empresa é “problema do Ministério Público, da Polícia Federal e da Justiça”.
De acordo com Toledo, a Petrobras vai buscar parcerias, inclusive com outros países interessados, para ajudar a cumprir com os objetivos da empresa. “A maior dívida corporativa do mundo tem que ser cuidada, e, para isso, é necessário trazer parceiros”, salientou. “Nem todos os objetivos anteriormente desenhados serão levados adiante, porque alguns projetos precisam de dinheiro muito grande, como tudo na área de petróleo”, observou.
Conforme ele, a ideia é focar na exploração, produção, refinamento e distribuição de petróleo e “deixar para segundo plano o que não mereça a principal atenção”. Ainda segundo o representante da presidência da Petrobras, a empresa “dá dois passos para trás para depois dar dois passos para frente”.
Demissões
O deputado Valtenir Pereira (Pros-MT), que solicitou a reunião, disse que a Operação Lava Jato está “passando o Brasil a limpo”, mas está causando impacto negativo na economia e no emprego. “As empresas da indústria naval, por exemplo – estratégicas para a economia e para o emprego –, estão sendo afetadas”, explicou.
O deputado Fernando Jordão (PMDB-RJ) pediu que a Petrobras arranje solução para pagar os estaleiros brasileiros, alguns ameaçados de fechar, com possíveis demissões em massa. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói, Edson Rocha, destacou que já ocorreu demissão em massa, de 1.300 trabalhadores, em estaleiro localizado na cidade, sem o devido pagamento de indenizações, e que ainda há 3.300 trabalhadores do estaleiro sem receber seus salários.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis, Manoel Salles, também ressaltou o perigo de fechamento de estaleiros da região. Já o vice-presidente executivo do Sindicato da Indústria Naval (Sinaval), Franco Papini, afirmou que falta política industrial no Brasil.
Crescimento
O secretário de Comércio e Serviços do Ministério da Indústria e Comércio, Marcelo Maia, informou que um grupo de trabalho dentro do ministério está formulando uma agenda propositiva para a área, que deverá ser anunciada em breve. “Espero que a agenda gere um plano de ação em curto prazo”, disse.
O chefe da Coordenadoria de Conteúdo Local da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Marco Túlio Rodrigues, por sua vez, afirmou que a produção de óleo no Brasil tem perspectiva de grande crescimento ao longo dos próximos cinco anos, a despeito dos problemas conjunturais atuais. Ele observou, porém, que o setor está perdendo seu capital humano, com a demissão de diversos especialistas neste momento.
O presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle, deputado Vicente Cândido (PT-SP), disse que acredita que é possível construir soluções para a situação do setor, diante das riquezas e da inteligência na área.