“Existe uma carteira de construção naval relevante, que mantém 68 mil empregos no setor”, diz o presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval), Ariovaldo Santana Rocha. “Entregamos o primeiro navio gaseiro de uma série de oito, em construção para a Transpetro. Plataformas de produção, cascos e módulos, estão em construção no Brasil”.
“Existem notícias boas. A notícia da entrega, em 2015, do primeiro navio-sonda construído no Brasil, apesar dos atrasos nos pagamentos. Estaleiros locais foram contratados para construção e integração de módulos, segmento onde os brasileiros são competitivos e que revela a participação de estaleiros locais nas redes internacionais de fornecimentos offshore. A presença de investidores internacionais interessados é inegável. Caminhamos para uma forte internacionalização. A mudança no perfil do mercado aponta para novas regras, debate do qual o Sinaval e a Abenav desejam participar. No dia 12 de agosto(quarta-feira), a Abenav apresenta a iniciativa ‘Fornecer’ para identificar mercados”.
O Cenário —Em “O Cenário da Construção Naval”, publicado pelo Sinaval na sua página na internet, o primeiro semestre de 2015, registrou 279 obras de construção naval e offshore em andamento.
Situação do setor: O acompanhamento de mercado mostra que a Odebrecht Oil & Gas iniciou a construção no estaleiro Jurong, em Cingapura, de uma plataforma de produção de petróleo tipo FPSO. A operação de produção de petróleo será no campo de Libra. Odebrecht OG tem como sócios a gestora de fundos de participações Gávea (5%) e o fundo soberano de Cingapura, Temasek (13,5%).
O Super Porto do Açu, da Prumo Logística (RJ) concentra operações portuárias, fornecedores industriais, armazenagem de combustíveis, com operadoras internacionais. E acaba de assumir a gestão da área do Estaleiro OSX.
As entregas de navios petroleiros e de apoio marítimo ocorrem. Existem problemas à frente. Os estaleiros são ativos valiosos e o mercado brasileiro está dimensionado pelas grandes corporações. Muitas das quais tem unidades industriais em operação no Brasil, atraídas pelo mercado que existe.
O Enaval—Engenharia Naval e Offshore, fundado em 1988, está qualificado para disputar os contratos para os módulos da plataforma tipo FPSO para o campo de Tartaruga Verde. Os bons resultdos nos fornecimentos de módulos para 19 plataformas de produção de petróleo conquistaram a confiança das empresas que lideram os projetos. Em 17 anos a empresa avançou de uma operação de prestação de serviços para a atividade de construção de módulos, a partir de estaleiro com 21 mil metros quadrados em Ponta D’Areia, Niterói (RJ), com equipe de 860 pessoas qualificadas.
O mercado —O acompanhamento de mercado, realizado pelo Sinaval, registra o interesse de grandes empresas internacionais no mercado da indústria naval no Brasil.
Neste primeiro semestre diversas notícias merecem destaque: Kawasaki — Assume com o Enseada Indústria Naval a construção de quatro sondas, participando do fornecimento fora do contrato da Sete Brasil.
Jurong /SemCorp Marine —Confirma a entrega do primeiro navio sonda apesar dos atrasos da Sete Brasil. Wärtsilä—inaugurou sua primeira fábrica na América Latina, Superporto do Açu, em São João da Barra (RJ), com investimentos de € 20 milhões, para produção de geradores de médio porte e propulsores azimutais.
Techint — ampliou seu cais, na cidade de Pontal do Paraná. Atualmente, a Techint E&C trabalha, em consórcio com a Technip, na construção e integração dos módulos de extração e separação de óleo e gás da P-76.
Huisman —A Huisman, especializada em projeto e construção de equipamentos (guindastes, guinchos e torres de perfuração) para a indústria offshore, inaugurou sua unidade industrial em Navegantes (SC).
Edison Chouest Offshore (ECO) — Anunciou investimentos para criar no Porto do Açu, no Rio de Janeiro, a maior base de apoio às atividades de exploração e produção de petróleo em alto-mar (offshore) do mundo.
Shell compra BG — O presidente mundial da Shell apresentou os planos da empresa à presidente Dilma Rousseff, dia 23/4/2015, ao se tornar a segunda maior produtora de petróleo no Brasil, com a aquisição da BG Group. Disse que as reservas do pré-sal no Brasil estão entre as melhores do mundo e que a Shell está interessada em aumentar sua participação no mercado.
Liquidez internacional — Existe ampla liquidez nos mercados financeiros internacionais. Os dez maiores fundos de investimento soberanos dos países somam USD 5,3 trilhões em ativos, sendo USD 1,8 trilhão da China, conforme pode ser analisado no quadro a seguir:
Ativos de fundos internacionais
País | USD bilhão | Origem |
---|---|---|
Norway | 880 | Gov. Pension Fund |
UAE – Abu Dhabi | 773 | Abu Dhabi Invest. Authority |
Saudi Arabia | 757 | SAMA – Foreign Holdings |
China | 653 | China Invest Corporation |
Kuwait | 548 | Kuwait Invest. Authority |
China | 547 | SAFE Invest. Company |
China – Hong Kong | 400 | Hong Kong Monetary Authority |
Singapure | 320 | Gov. Singapure Invest. Authority |
Quatar | 256 | Quatar Invest. Authority |
China | 236 | National Social Security Fund |
Total | 5.370 |
Fonte: SWFI Institute – http://www.swfinstitute.org/fund-rankings/
Do total dos fundos, USD 4 trilhões têm origem na exploração de óleo e gás. Portanto, não deve ser surpresa a chegada dos investidores internacionais quando Governo e empresários apresentam limitações de caixa. Muitos desses países já estão investindo aqui com suas empresas operando no mercado, como parceiras e fornecedoras da Petrobras. As reservas de petróleo a explorar exigem serviços e equipamentos muito especializados. Na construção naval brasileira se encontram ativos de grande valor que estão no radar dos investidores.