RIO – A equipe de Serviços para a área de Exploração e Produção da Petrobrás, responsável pela contratação dos grandes equipamentos utilizados pela empresa, trabalha para apresentar à diretoria da estatal o tamanho do corte que deve ser adotado para atender à redução do investimento, de US$ 11 bilhões até o ano que vem, em toda companhia. A gerente executiva da área, responsável por renegociar com os fornecedores, Cristina Pinho, disse não saber ainda o quanto e em quais segmentos se dará a redução de investimento. Mas admitiu que terá efeito na produção futura de petróleo e de gás natural.
“Estamos fazendo uma análise dos nossos projetos, de forma que não tenhamos impacto grande na produção. Se cortar alguma coisa agora, é natural que tenha algum impacto lá na frente. Mas ainda não chegamos nesse número. Tudo que fazemos hoje, fazemos de forma que não prejudique a curva de produção. A gente precisa desse óleo”, disse Cristina, após participar de evento no Rio. A equipe técnica trabalha na reavaliação da necessidade da frota de plataformas, sondas e barcos de apoio, disse a gerente.
Ela ressaltou ainda que a prioridade da empresa é obter um retorno de caixa rápido com o pré-sal, onde será colocada “boa parte das fichas” da petroleira. Mas também estão no radar os campos maduros da Bacia de Campos, que há anos respondem pela maior fatia da produção da Petrobrás, como Marlim e Roncador. “Nós não abrimos mão dessas concessões que são tão importantes, são as nossas vacas leiteiras”, brincou a gerente da Petrobrás. Para agilizar o pré-sal, foi posta na rua, recentemente, uma licitação para contratar o navio-plataforma (FPSO) que será utilizado no campo de Libra. A holandesa SBM está entre as convidadas a participar da concorrência. A ideia, segundo Solange, é ampliar o número de licitantes para dar competição ao processo. Citada no escândalo da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, a SBM admitiu ter pago propina a funcionários da petroleira no passado, em troca de privilégio na contratação de plataformas, mas recentemente fechou acordo de leniência com a companhia.
Corte de investimento. Cristina relatou que a sua equipe já estava em pleno processo de revisão de contratos com fornecedores, sobretudo de sondas, quando foi comunicada da necessidade de promover novos cortes de investimento. “Quando nos foi solicitado cortar mais US$ 11 bilhões no geral, a gente foi buscar outras atividades que a gente pudesse postergar”, contou. Para as empresas que afretam sondas, deve ser oferecida a vantagem de extensão do prazo dos contratos em troca da redução da taxa de afretamento. Outras negociações em torno de navios-plataformas também estão em andamento, mas a gerente não detalhou as mudanças de contrato previstas. Disse apenas que os novos acordos ainda devem passar pelo crivo da diretoria.