Total espera mudanças na visão nacionalista do Brasil para o setor

  • 11/11/2015

A petroleira francesa Total, parceria da Petrobras no gigantesco campo de Libra, sinaliza preocupação com a capacidade de financiamento da companhia brasileira nos projetos, ao mesmo tempo em que se diz pronta a “olhar para oportunidades” no país.

A Petrobras é uma das grandes ausentes da feira anual da indústria do petróleo em Abu Dhabi, que agora é considerada a maior do mundo, superando a de Houston, no Texas (EUA), mas executivos presentes não esqueceram a companhia brasileira.

Ao se encontrar com a imprensa, Patrick Pouyanné, presidente executivo da companhia francesa, foi indagado pelo Valor sobre até que ponto a crise política e econômica no Brasil afeta seus negócios no país. “Francamente, não podemos dizer que não somos afetados”, disse o executivo. Ele observou que a Total como empresa não sofreu impacto em seus resultados, mas que quando se está presente num país como o Brasil não dá para ignorar o que está acontecendo na situação doméstica.

Depois de insistir que a Total não faz comentários sobre política interna dos países, Pouyanné destacou que a Petrobras, sua parceira, é afetada e isso é “muito importante” para a Total, primeiro em razão da capacidade da Petrobras de financiar os projetos.

Notou que no consórcio para exploração do campo de Libra, no pré-sal da bacia de Campos, a Total, Shell e as chinesas CNPC e CNOOC têm 60% e a Petrobras tem fatia de 40% no total. Questionado sobre os cortes em investimentos da Petrobras, retrucou: “Vamos esperar e ver”.

Pouyanné lembrou a “visão nacionalista” que tem imperado sobre a exploração do petróleo no Brasil e visivelmente espera mudanças no futuro. Disse que, quando o preço do barril de petróleo custa apenas US$ 50, é “tempo de pensar” no desenvolvimento de outras formas de parcerias com o estrangeiro.

O executivo insistiu que a Total está “muito contente” no Brasil e “preparada para olhar oportunidades” no país, sem entrar em detalhes. Mais tarde, quando o Valor indagou se a companhia continuava interessada em entrar no negócio de distribuição de combustível no Brasil, ele respondeu: “Estamos interessados nas águas profundas”, ou seja, na exploração de petróleo.

“Libra está progredindo de acordo com os planos. É um projeto importante para a Total. Somente na parte nordeste do campo há pelo menos entre 3 bilhões e 4 bilhões de barris para ser recuperado. É gigantesco. E não é apenas um projeto, são até quatro projetos”, afirmou.

Ao mesmo tempo, quer aumentar a produção em 5% ao ano. “Mas não vamos cassar volume a qualquer custo. O que precisamos é de barril que gere dinheiro”, o que para ele pode ser alcançado com o barril a US$ 60.

Por sua vez, o vice-presidente de produção internacional da norueguesa Statoil, Lars Christian Bacher, disse: “O Brasil tem muitos ativos muito bons”, disse. “Estamos vendo o que acontece com a crise, que é severa”. Para Lars, o Brasil e a Petrobras poderão sair mais fortes dessa crise.

Bernard Duroc-Danner, presidente da Weatherford, uma das maiores empresas de serviços de campo petrolífero na área internacional, negou que seus resultados tenham sido afetados pela situação na Petrobras.

“Há menos atividade com a Petrobras, mas o Brasil não é um grande mercado para nós”, disse. “É normal a queda de negócios, em parte por causa do preço do petróleo e em parte por problema da própria Petrobras.”

Ele lamentou, em todo caso, a ausência da companhia brasileira em Abu Dhabi. Teria sido útil se eles estivessem aqui, mas é um ano difícil…”, completou.

O projeto de exploração de petróleo e gás no campo de Libra está em avaliação e os resultados são positivos, segundo Pouyanné. Sua expectativa é que a primeira plataforma FPSO comece a operar no fim de 2016 ou começo de 2017.

Em Abu Dhabi, o executivo francês reiterou que a Total está sendo rígida nos cortes de despesas. O plano é poupar US$ 1,2 bilhão neste ano, e US$ 3 bilhões em três anos. Também adaptou a estratégia de investimentos em bens de capital (Capex). A empresa vai investir de US$ 23 bilhões a 24 bilhões este ano, de US$ 20 bilhões a US$ 21 bilhões no ano que vem e, a partir de 2017, em algo entre US$ 17 bilhões e 19 bilhões.

Ao mesmo tempo, quer aumentar a produção em 5% ao ano. “Mas não vamos cassar volume a qualquer custo. O que precisamos é de barril que gere dinheiro”, o que para ele pode ser alcançado com o barril a US$ 60.

Por sua vez, o vice-presidente de produção internacional da norueguesa Statoil, Lars Christian Bacher, disse: “O Brasil tem muitos ativos muito bons”, disse. “Estamos vendo o que acontece com a crise, que é severa”. Para Lars, o Brasil e a Petrobras poderão sair mais fortes dessa crise.

Já o presidente da Japan Oil, Gas and Metals National Corporation (Jogmec), Hirobuni Kawano, elogiou a capacidade anterior da Petrobras na tecnologia de exploração de petróleo em águas profundas, mas observou: “Não estou seguro se ela poderá continuar assim”. A empresa tem negócios pequenos no Brasil.

Bernard Duroc-Danner, presidente da Weatherford, uma das maiores empresas de serviços de campo petrolífero na área internacional, negou que seus resultados tenham sido afetados pela situação na Petrobras.

“Há menos atividade com a Petrobras, mas o Brasil não é um grande mercado para nós”, disse. “É normal a queda de negócios, em parte por causa do preço do petróleo e em parte por problema da própria Petrobras.”

Ele lamentou, em todo caso, a ausência da companhia brasileira em Abu Dhabi. Teria sido útil se eles estivessem aqui, mas é um ano difícil…”, completou.

Fonte: Valor Econômico – Assis Moreira
11/11/2015|Seção: Notícias da Semana|Tags: |