RIO – O estaleiro Enseada Indústria Naval decidiu, em julho, encerrar as atividades na base de Inhaúma, no Rio. A base é de propriedade da Petrobrás, que arrendou a área em 2010.
No local, estavam em construção duas unidades de produção da estatal para o pré-sal da Bacia de Santos. Com o término das obras em julho, o estaleiro vai demitir cerca de 2,1 mil funcionários já a partir desta terça-feira.
“A companhia esclarece que, de acordo com o cronograma de execução pactuado com o cliente, as atividades do contrato de conversão dos FPSOs serão encerradas no próximo mês de julho. Com isso, a Enseada dará início ao processo de desmobilização planejada”, informou em nota o estaleiro Enseada. “A atuação em Inhaúma será encerrada ao final do seu escopo no projeto Conversões.”
Criado em 2012 com a expectativa de atender a uma carteira de encomenda de US$ 6,5 bilhões com a demanda do pré-sal, o estaleiro é uma parceria entre a empresa japonesa Kawasaki e as empreiteiras Odebrecht, OAS e UTC, investigadas pela operação Lava Jato. Em fevereiro de 2015, a empresa já havia encerrado as operações na Bahia, em decorrência da crise da Sete Brasil, com quem tinha contratos para a construção de seis sondas para a Petrobrás.
Conversão. Em Inhaúma, o estaleiro estava responsável pela conversão de cascos de navios em quatro unidades de produção FPSO para os contratos de cessão onerosa da estatal na Bacia de Santos. Duas unidades foram encaminhadas para produção no exterior e outras duas, a P-74 e a P-76, estão em fase de finalização. Após o término, as unidades seguirão para o Rio Grande do Sul, onde serão integradas aos módulos operacionais. Ambas serão destinadas para o campo de Búzios, no pré-sal.
Desde a última terça-feira (31), os trabalhadores do estaleiro realizavam uma greve para pressionar pelo pagamento de Participação nos Lucros e Resultados (PLR), além de negociar as condições de demissão do efetivo de 2.163 funcionários. “Fizemos um acordo com a empresa para o pagamento ser feito ainda hoje (segunda). Com isso, a partir de amanhã (terça) já devemos ter demissões, mas em de forma paulatina”, explicou Jesus Cardoso, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio (Sindmetal).