RIO – Apesar de a Petrobras ter solicitado autorização à Agência Nacional do Petróleo (ANP) para contratar no exterior a primeira plataforma (FPSO) de produção da área de Libra, no pré-sal, a companhia disse ao GLOBO que é possível que uma parte dos equipamentos seja fabricada no Brasil. Isso poderia gerar em torno de 25 mil empregos diretos e indiretos, de acordo com estimativas da indústria.
A sinalização da Petrobras ocorre em meio a fortes críticas de vários setores da indústria nacional. Na semana passada o Sinaval, sindicato que reúne os estaleiros, obteve parecer favorável no Tribunal Regional Federal (TRF) suspendendo o processo de contratação da unidade.
O pedido de waiver (suspensão dos compromissos) de conteúdo local foi feito a ANP em setembro do ano passado, e ainda está em análise. A Petrobras, que é a operadora do consórcio de Libra, explicou que pediu à agência o waiver para reduzir o percentual de conteúdo local na contratação na unidade “por ter havido sobrepreço de mais de 40% na primeira licitação feita para contratação do equipamento”.
A estatal explicou, contudo, que os sócios do consórcio de Libra acreditam que é possível, mesmo com a contratação no exterior, fabricar e interligar os módulos (os sistemas instalados em cima da plataforma) no país. A Petrobras destacou que isso foi feito nas últimas quatro plataformas em operação no pré-sal.
Empresários negam sobrepreço
A estatal ressaltou que essa possibilidade constou no documento encaminhado à ANP: “já está comunicado oficialmente no pedido feito à agência. Não há, portanto, verdade na afirmação de que a construção da plataforma será transferida integralmente para o exterior”.
Os empresários, no entanto, criticam. O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, disse que a Petrobras tem de mostrar que há o sobrepreço:
— Como dizer que não temos competitividade, se não fomos procurados por essas empresas que apresentaram as propostas para consultar sobre os preços? A Petrobras tem que provar que os preços estão 40% mais caros.
Já o presidente da Associação Brasileira de Engenharia de Construção Onshore e Offshore Naval (Abecom), Maurício Almeida, disse que a petrolífera deveria convocar várias entidades do setor da indústria para discutir a questão.
A Petrobras afirmou que o consórcio de Libra quer estabelecer uma parceria saudável e produtiva com a indústria local “e que se baseie na capacidade dos fornecedores de produzir os equipamentos com a qualidade necessária, dentro do prazo e com custo compatível com o mercado para que o cronograma estabelecido para o início da produção no campo de Libra seja cumprido.”