Com divisão no governo, a decisão sobre conteúdo local para os leilões de petróleo deverá ser tomada pelo próprio presidente Michel Temer.
A expectativa era de uma resolução após a reunião do comitê sobre o tema que ocorrerá nesta segunda-feira (6), mas diante das dificuldades, o martelo poderá demorar mais a ser batido.
Na semana passada, a Casa Civil, que é favorável a novas regras para atrair investidores, ouviu argumentos contrários a mudanças e à redução do conteúdo nacional mínimo exigido.
Sindicalistas e entidades ligadas à indústria querem manter o percentual de conteúdo brasileiro entre 55% e 70% em cada trecho da operação, e não no agregado.
Os fornecedores não negam que isso implica em custos mais altos. “Aço e máquinas custam mais no Brasil. Lubrificante, diesel e gasolina da Petrobras têm preços mais altos também”, diz José Velloso, presidente-executivo da Abimaq (de máquinas).
O propósito da regra atual, segundo seus defensores, é desenvolver a indústria local. Se ela for alterada para que a operação tenha um índice global de itens produzidos no país, isso não acontecerá, diz Pedro Celestino, presidente do Clube de Engenharia.
“Serviços, como refeição, e segurança, entrariam na cota de conteúdo local”, diz ele. E o restante seria importado.
O argumento a favor de uma porcentagem nacional global é que o país não consegue ser competitivo em todos os setores, diz José Camargo, presidente do IBP (Instituto Brasileiro do Petróleo).
“A Petrobras tem dificuldades e o caminho são investimentos privados, mas é preciso um novo arcabouço, porque o conteúdo local atual afugenta empresas.”