Parceria nas áreas sob o regime depende de mudança na lei. Chinesa entraria também nas obras do Comperj
O memorando de entendimentos firmado entre a Petrobras e a CNPC na terça-feira (4/7) com vistas à assinatura futura de uma aliança estratégica poderá envolver o acerto de uma parceria voltada aos ativos da cessão onerosa, na Bacia de Santos. Embora as duas empresas não divulguem qualquer informação sobre os projetos de interesse mútuo, fontes envolvidas no processo de negociação confirmam que as discussões feitas até o momento avaliam a possibilidade de abertura da cessão onerosa, mediante uma mudança na lei e a contrapartida de ingresso da petroleira chinesa nas obras do Comperj (Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro), podendo incluir também acordos ligados ao projeto de revitalização de Marlim, na Bacia de Campos.
O memorando entre as duas petroleiras foi assinado em Beijing, na China, pelo presidente da Petrobras, Pedro Parente, e o vice-presidente da CNPC, Wang Dongjin, que responde também pela Presidência da PetroChina, contando ainda com a presença da diretora de E&P, Solange Guedes. Oficialmente, as duas empresas se limitam a informar que irão avaliar, conjuntamente, oportunidades de negócio no Brasil e no exterior em áreas de interesse mútuo, levando em consideração suas capacidades e experiências em todos os segmentos da cadeia de óleo e gás, incluindo potencial estruturação de financiamento.
O interesse da Petrobras pela busca de um sócio para a cessão onerosa é antigo. Durante o governo do PT, a petroleira chegou a discutir a questão internamente, mas não encontrou apoio para prosseguir com a ideia que requer alteração na legislação atual, já que pelas regras atuais a petroleira é proibida de abrir o projeto a terceiros. Mais recentemente, já no governo de Michel Temer, a empresa retomou a discussão, com o apoio do Ministério de Minas e Energia.
A CNPC é vista com um parceiro importante pela Petrobras, sobretudo no que diz respeito aos projetos de E&P já em fase de desenvolvimento. Como o foco de interesse da petroleira chinesa é ampliar sua participação no Brasil para garantir maior volume de reservas, a percepção da Petrobras é de que no caso de um acordo, a chinesa garantirá o aporte de recursos, sem interferir nas discussões técnicas ou exigir mudanças no escopo dos projetos já em fase de implantação.
A obra de construção do Comperj foi interrompida em 2014, após denúncias de corrupção da operação Lava Jato envolvendo o projeto, que já consumiu US$ 13 bilhões em investimentos. A retomada das obras exigirá investimentos adicionais de até US$ 4 bilhões.
A CNPC e a Petrobras são parceiras no projeto de Libra, desde 2013. Esse é o quarto memorando de entendimentos firmado pela petroleira brasileira, com foco na formação de parcerias estratégicas. Desde o ano passado, foram firmadas alianças com a Statoil, Total e Galp.