Indústria naval brasileira vive grave crise a espera de encomendas com queda de 64 % nos empregos desde 2014

  • 03/07/2018

Há pelo menos quatro não há negócios consistentes no setor de petróleo e gás no país. Desde o início da Operação Lava Jato, nada acontece. Os líderes das operações policiais tem muito a comemorar, mas a insistência em punir as empresas tem também um legado de 13,2 milhões de desempregados, com a maior empresa do país paralisada, em compasso de espera, não produzindo nenhum incentivo para a retomada da economia. Neste momento a Petrobras está surfando no crescimento dos preços do barril de petróleo, vendendo ativos importantes e estratégicos, demitindo funcionários e ainda sem fazer qualquer investimento. Esta é a fórmula certinha para empresa voltar a ter lucros extraordinários no segundo trimestre do ano. Lucro alto a custo de desempregados, de empresas quebrando, gerando um ciclo de desespero em muitas famílias brasileiras. Há quatro anos as desculpas são de que a empresa está quebrada, sem condições de investir, o que não parece ser bem verdadeiro, até mesmo quando se vê antecipação de pagamentos à credores e ou à causas judiciais que nem foram julgadas. O desemprego da indústria naval do país é bastante significativo. Basta olhar os números. A construção naval e no Brasil emprega atualmente menos de 30.000 pessoas. O Sindicato Nacional da Indústria da Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) contabilizou 29.539 trabalhadores trabalhando em estaleiros em abril, cerca de 5.00 empregos a menos em relação a dezembro do ano passado. A inércia do governo e a falta de investimentos da Petrobrás está provocando mais que desemprego. Estava gerando uma revolta surda em muitos setores da sociedade que está vindo à tona de diversas maneiras. A violência nas grandes cidades são um Raio X vivo para quem quiser olhar. É brincar com fogo.

Os exemplos vindos de Rio Grande, são incontestáveis. Nada se faz mesmo com tanto clamor de um polo naval definhando, dissolvendo. O número de empregos no setor em abril representa queda de 64% em comparação a dezembro de 2014, pico da atividade, quando os estaleiros nacionais empregavam 82.472 trabalhadores. Dos 28 estaleiros associados ao Sinaval, 12 não estão operando. Os números constam da agenda do Sinaval para as eleições deste ano, cujo documento que será entregue aos candidatos à presidência da república. Desde as últimas eleições, o Sinaval perdeu 22 associados devido à crise da Petrobrás e falta de perspectivas de novos projetos. Os que continuam com serviços sobrevivem graças aos seus últimos contratos para não fecharem as portas.

Em 2014, data da última eleição presidencial, a indústria naval brasileira vivia um momento favorável e conseguiu uma retomada após décadas de sucateamento. A política de conteúdo local, as novas encomendas da Petrobrás e o aumento da produção offshore fizeram com que o setor avançasse, em média, 19,5% ao ano entre 2000 e 2013, segundo dados do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea). Lembrando que o Sinaval ressalta que a política de conteúdo local foi determinante para modernização do parque industrial e toda a cadeia produtiva de bens e serviços para a indústria de óleo e gás. O documento lembra que a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) considerou em nova resolução o conteúdo local com 40% para três famílias em contratos antigos: engenharia; equipamentos e construção; e integração de módulos e cascos.

O setor naval é estratégico e merece ser defendido por uma política de governo. De 2007 a 2016, foram concluídas 605 embarcações financiadas pelo Fundo da Marinha Mercante (FMM), que desembolsou cerca de R$ 30 bilhões. Nesse período, 12 novos estaleiros foram construídos e mais de 80 mil empregos diretos e 400 mil indiretos criados, além da qualificação da mão de obra da cadeia produtiva de óleo e gás e do desenvolvimento da economia dos municípios em que os estaleiros estão localizados. Para ser mais competitiva, a indústria naval precisa de demanda consistente que permita a evolução da curva de aprendizado e, consequentemente, a possibilidade de disputar mercado. A Petrobrás ainda é principal demandante da indústria naval brasileira, mas essa característica se perdeu, nos últimos três anos. A Marinha Brasileira tem necessidade de renovação de sua frota, com mais de 30 anos, também pode ser um grande mercado. Neste momento há encomendas de submarinos e um processo de licitação para mais quatro corvetas. Importantes projetos, mas ainda a quem de absorver a necessidade que o país precisa.

Fonte: Petronotícias
03/07/2018|Seção: Notícias da Semana|Tags: , |