Sindicato entrega documento sobre importância do setor a presidenciáveis e candidatos a governador
Às vésperas das eleições, a diretoria do Sindicato Nacional da Indústria de Construção e Reparação Naval e Offshore (Sinaval) peregrina pelo Brasil com uma cartilha de 20 páginas para entregar a presidenciáveis e candidatos a governador, na tentativa de explicar a importância de adotar políticas para evitar o naufrágio do setor no País. A expectativa é que a redefinição do cenário político possa significar a chance de a atividade emergir. Depois do Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Espírito Santo, ontem foi a vez do Sinaval entregar o documento às equipes de Paulo Câmara e Armando Neto.
“Em 2014, Pernambuco chegou a ter 20 mil trabalhadores na indústria naval e hoje esse número não chega a 5 mil. Estamos falando de um setor importante para o Estado e que precisa estar na agenda dos candidatos. É verdade que os governadores não têm influência direta sobre a indústria, porque as encomendas são do governo Federal, mas eles podem contribuir pressionando e mostrando a importância para seus Estados. Os seis estaleiros construídos nos últimos anos para retomar a indústria naval consumiram US$ 5 bilhões em investimentos do Fundo da Marinha Mercante e não se pode deixar esses ativos apodrecer”, defende o vice-presidente do Sinaval, Sergio Bacci.
O principal desafio do setor é reverter o cenário de carteiras vazias de encomendas. Assim como aconteceu em outras décadas, a indústria vive mais uma crise de descontinuidade em função da dependência do governo brasileiro como comprador das embarcações. A crise, desencadeada pela corrupção dentro da Petrobras, corroeu o caixa da empresa e fez com que ela suspendesse contratos de navios pelo País. Só em Pernambuco, a petrolífera suspendeu a contratação de nove navios (sete do Estaleiro Atlântico Sul e dois do Vard Promar).
Pelas contas do Sinaval, dos 28 estaleiros associados ao sindicato, 12 estão parados. Em Pernambuco, a situação é de incerteza. O Atlântico Sul já entregou 12 dos 15 navios encomendados pela Transpetro e corre o risco de ficar sem contratos a partir de maio de 2019, quando deverá entregar a última embarcação desse pacote. A falta de encomendas em carteira significa risco de desemprego. O EAS tem cerca de 3.500 funcionários e o Vard Promar outros 650.
ENCOMENDAS
“Nos últimos anos os estaleiros fizeram um trabalho importante de qualificação de mão de obra e não podem retroceder nessa curva de aprendizado por conta da descontinuidade. O que falta é decisão política de manter a atividade de pé, porque a demanda existe e será criada pela própria Petrobras, em função da exploração do pré-sal. Hoje a atividade já é competitiva, mas não dá para nos comparar à China porque lá tudo é mais barato por conta de uma estrutura de produção diferente”, afirma Bacci.
Enquanto a Petrobras não volta a fazer novas encomendas, o setor tenta captar o que consegue. No próximo mês, o Vard Promar entrega o sexto e último navio gaseiro do contrato com a Petrobras. “Além desse, estamos concluindo um píer flutuante para a Jamaica e um PLSV que será afretado pela Petrobras. Também fizemos serviço de reparação naval em quatro embarcações para armadores nacionais e internacionais mas, depois disse, não temos nada concreto”, diz o vice-presidente sênior do Vard Promar, Guilherme Coelho. O Vard também concorre à licitação de quatro corvetas para a Marinha do Brasil.
O EAS também está tentando fechar novas encomendas e entrando no nicho da reparação naval para manter o estaleiro ativo. Segundo informações do mercado, uma das negociações é com a Hamburg Süd para a construção de quatro navios de contêineres. O lema na indústria naval hoje é sobreviver.