As exportações gaúchas tiveram uma ajuda de peso pesado em agosto. A plataforma de petróleo (P-75), montada na China e que nem chegou a atracar em Rio Grande para depois seguir à Bacia de Santos, contribuiu com divisas de US$ 1,3 bilhão. O equipamento não chega a sair do Brasil, mas é contabilizado como exportação para a subsidiária da Petrobras no Panamá. Em fevereiro, a P-74 saiu do estaleiro da EBR, em São José do Norte, para a área do pré-sal.
Com o fluxo mesmo que apenas contábil, a receita do comércio exterior gaúcho teve alta de 67,5% no mês passado frente a agosto de 2017, fechando em US$ 2,91 bilhões, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (13) pela Federação das Indústrias do Estado (Fiergs). Com a divisa petroleira, a indústria registrou 108% de aumento na receita em relação ao mesmo mês de 2017, somando US$ 2,36 bilhões no mês passado. Foi a sexta plataforma contabilizada para o polo naval do Estado. No mês, os produtos básicos, como grãos, somaram US$ 550 milhões, recuo de 7,7%. Somente a soja representou US$ 525 milhões, 9,3% abaixo do mesmo mês de 2017. Nesta época do ano, caem sensivelmente as exportações do complexo da soja, que se concentram entre maio e julho.
A P-75 ia ser montada em Rio Grande, mas a estatal acabou deslocando para um estaleiro chinês. O equipamento foi remetido ao litoral gaúcho em meados de agosto e não chegou a atracar na costa. Finalizações previstas foram feitas no mar, para depois liberar a gigante para seu destino no pré-sal. “Se a plataforma não tivesse sido concluída aqui, o setor (indústria) teria sofrido uma redução significativa. A crise na vizinha Argentina nos afeta demais. Nossas vendas ao país vizinho despencaram 18% em agosto”, adverte o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, em nota.
Sem considerar a P-75, a front externo gaúcho teria tido queda de 6,6% no fluxo, comparando com 2017. Teriam sido faturados US$ 75 milhões menos. Com isso, a receita teria ficado em US$ 1,06 bilhão), explica a federação. Para o dado global, a retirada da P-75 significaria 7,3% menos na divisa no mês. Em agosto, alimentos lideraram as quedas, com 22% menos no fluxo em dólares, seguindo por redução de 27,7% de máquinas e equipamentos e de 36,1% na celulose e papel. Os produtos com maiores divisas, com base em dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, foram borracha e plástico, com alta de 30,4%.
De janeiro a agosto, as exportações do Estado somaram US$ 14,87 bilhões, avanço de 27,9% ante o mesmo período de 2017. A indústria cresceu 37,2%, somando US$ 11,01 bilhões. Na totalização do ano, as duas plataformas de petróleo fizeram toda a diferença de novo. Os dois equipamentos somaram US$ 2,3 bilhões. Já os itens básicos somaram US$ 3,77 bilhões, elevação de 7,5%. A soja somou US$ 3,43 bilhões, avanço de 7,8%. A indústria chegou a US$ 11,0 bilhões, alta de 37,2%. Celulose e papel tiveram maior alta depois de outros equipamentos de transportes (plataformas), com crescimento de 87,5% seguido por tabaco (10%). Já químicos recuaram 12,8%, alimentos, 9,6%, e couro e calçados, 5,6%.
Nos destinos, o Panamá liderou em agosto, com alta de 21.600%, que expressa o impacto de US$ 1,3 bilhão da P-75. A China vem em segundo lugar, com queda de 8,3%. O fluxo para a Argentina teve redução de 17,8%, por isso o alerta de Petry. No ano, os compradores chineses estão na frente, com alta de 18% e respondendo por quase 30% da cifra. A Holanda vem em segundo lugar, e o Panamá em terceiro, que foram os dois destinos do envio, mesmo que apenas de forma contábil, das plataformas. A Argentina ficou na quarta posição, reforçando negócios mais fracos, com alta de 1%.