Estaleiro já realizou oito projetos de docagens de classe e reparos emergenciais de navios de cabotagem desde o último trimestre de 2020, quando retomou sua operação.
O Estaleiro Atlântico Sul (EAS) realizou oito projetos de docagens de classe e reparos emergenciais desde o último trimestre de 2020, quando retomou sua operação. Outro ponto favorável às atividades foi a aprovação do plano de recuperação judicial, em maio. Atualmente, o estaleiro tem dois contratos firmados, além de outros que estão em negociação. A expectativa é que as propostas para 2022, que estão em fase de análise, se confirmem para serem realizadas no primeiro trimestre. O perfil atual dos contratantes é de navios de cabotagem, alguns inclusive mantêm escala regular no Porto de Suape (PE).
Esses novos projetos têm dinâmica diferente da construção naval, principal vocação do estaleiro em sua concepção. De acordo com o EAS, o tempo destinado para cada tipo de operação é bastante distinto, visando atender diversos clientes com escopos e demandas completamente específicas. As docagens de classe levam em média 30 dias e os reparos emergenciais um tempo ainda menor. Em julho, o EAS recebeu três navios para realização de serviços simultâneos. Por questões contratuais, o estaleiro não tem autorização de fornecer informações sobre todos os armadores que contrataram serviços. No entanto, entre as grandes empresas que docaram no estaleiro e tiveram os nomes ou imagens divulgados nesse período estão a Flumar e a Log-In.
A administração do estaleiro avalia que a questão do custo é o maior desafio para a conquista de armadores de longo curso como clientes. “Desde que iniciamos as atividades, sempre miramos o benchmarking internacional — portanto, velocidade e qualidade não são problemas. O custo, que sempre é um problema para os estaleiros em relação à concorrência internacional, é mitigado em função do câmbio, mas não deixa de ser um desafio”, avaliou a presidente do EAS, Nicole Terpins à Portos e Navios.
Ela acrescentou a importância da cadeia de fornecimentos, tanto em termos de custo, como de disponibilidade. “Podemos e precisamos melhorar. E estamos trabalhando junto a entidades parceiras para que isso ocorra”, afirmou. Nicole disse que existem conversas para reaquecer a cadeia de fornecedores de navipeças no Nordeste. Segundo a presidente do estaleiro, esse é um ponto que precisa ser aprimorado, por meio do desenvolvimento de fornecedores locais, de equipamentos e de serviços. “Essa, inclusive, é uma das estratégias dos estaleiros asiáticos com o desenvolvimento de um polo naval. O EAS vem tratando essa pauta com algumas entidades parceiras”, destacou.
Nicole explicou que a capacidade total do estaleiro pode variar, dependendo do escopo do reparo. Contudo, considerando docagens de classe, ela vê o estaleiro preparado para receber até dois navios no dique e quatro no cais por mês. “Fizemos alguns poucos investimentos para adaptar o layout de nossa planta e alguns maquinários, visando aumentar a produtividade. Hoje, não vislumbramos a necessidade de investimentos adicionais aos realizados”, explicou.